Esta é apenas uma das conclusões do relatório apresentado esta sexta-feira, na Arena de Estocolmo, capital da Suécia, país considerado berço da industria tecnológica europeia
Corpo do artigo
Os primeiros indicadores apontam para Portugal com uma implementação de projetos superior à média europeia, ainda assim, é mais caro e moroso criar uma startup no nosso país.
É apenas uma das conclusões a retirar do Relatório Anual Startup Nations Standard referente a 2024 que a Europe Startup Nations Alliance (ESNA) divulgou esta sexta-feira na Tech Arena Stockholm.
Um estudo que avaliou o progresso, não dos 27 Estados-membros, mas de 24 países europeus que responderam ao inquérito sobre a criação de ambientes favoráveis às startups. Neste, 61% revela uma taxa média de implementação de acordo com os oito padrões (standards) avaliados, destacando-se progressos no acesso ao financiamento e na atração de talentos, motores cruciais da competitividade das empresas europeias em fase de arranque.
O relatório avaliou o desempenho de cada nação em relação a esses padrões, destacando os principais pontos fortes e áreas a serem melhoradas ao nível da criação rápida de startups, entrada facilitada no mercado, também no domínio da atração e retenção de talento, e das Stock Options, bem como, inovação na regulamentação, contratação pública, acesso ao financiamento e ainda a inclusão social, diversidade e proteção dos valores democráticos, sem esquecer a digitalização.
Arthur Jordão, diretor-executivo da “Europe Startup Nations Alliance”, estrutura com sede em Lisboa, criada na última presidência portuguesa da União Europeia, realça que Portugal cresceu 70% na implementação global de startups no país, acima da média europeia que ronda os 61%.
O nosso país está ainda no pelotão da frente ao nível do financiamento deste tipo de projetos, com uma taxa de execução de 100% face aos 72% da média europeia, ao lado da Bélgica, Espanha, França, Lituânia, Suécia e Ucrânia.
Já no que toca à rapidez na criação de startups, se não fosse os pagamentos a terceiros para a concretização de serviços, Portugal estaria no grupo dos quatro países que revelam demorar apenas um dia e menos de cem euros na criação deste tipo de empresas.
Em Portugal custa entre 250 a 500 euros a criação de uma startup, não indo além dos 40% face à média de 70% dos restantes 20 países que forneceram dados para este relatório.
Ainda assim, Arthur Jordão adianta que Portugal integra a lista de 19 países que aceitam documentos emitidos por entidades estrangeiras sem problemas.
No que toca à retenção e atração de talento, o nosso país está 14% abaixo da média europeia. Cerca de 64% dos inquiridos consegue atrair profissionais qualificados, havendo três países que alcançaram a implementação completa e nove nações que têm em vigor programas de incentivo ao regresso de profissionais da área das tecnologias emigrados fora do continente europeu. Neste domínio, Portugal atingiu 50%, ou seja, manteve o nível do ano anterior.
Quanto à regulação e inovação, Portugal desceu de 49% para 40% e em matéria de inclusão social, diversidade e proteção dos valores democráticos acompanhou a subida de 21 pontos para uma média na ordem dos 51% na Europa e de 58% em Portugal.
Para Arthur Jordão, que teve experiência política no passado (foi assessor dos dois anteriores Governos em secretarias de Estado com esta tutela), este é um caminho que precisa de continuar a ser feito, esperando novidades da nova estratégia europeia prometida para breve, até porque a nível de transformação digital, o relatório também indica que no geral ao nível dos Estados, a média de implementação desceu na Europa de 75 para 70% com a Estónia e Malta a manterem-se nos 100%, embora os serviços públicos online registem uma subida de 86 para 96% na implementação da digitalização.
O relatório foi apresentado esta sexta-feira na Suécia, por Linda Capusa, Operations Director da ESNA, seguido de um painel de discussão sobre os desafios e formas de escalar startups, financiar a inovação e promover a colaboração transfronteiriça.
O papel da Europa na condução da inovação global contou ainda com um debate com Jessica Rosencrantz, ministra sueca dos Assuntos Europeus, Vojtech Horna, especialista do Índice Ventures, Sam Hinton-Smith, chefe de Políticas Públicas EMEA e APAC da Stripe.
Para quem quiser esmiuçar as conclusões, o documento fica disponível online a partir desta sexta-feira no site e terá uma versão interativa que fornece acesso direto a informações específicas de cada país e dados-chave, com ferramentas para visualizar o desempenho de cada nação.
