Da economia dos concelhos aos impactos ambientais: prospeção de lítio preocupa autarcas da Beira Alta
Em declarações à TSF, o autarca de Pinhel alerta que os argumentos invocados junto do anterior Governo para o concelho estar contra a prospeção de lítio mantêm-se. Já o presidente da câmara da Guarda avisa que é preciso proteger as linhas de água e as aldeias
Corpo do artigo
O plano do Governo de abrir para novos concursos para a prospeção de lítio está a gerar preocupação entre os autarcas da Beira Alta. A ministra do Ambiente, Maria da Graça Carvalho, revelou que a intenção é avançar já este ano. Na região da Guarda e Cova da Beira, há seis locais que têm condições para avançar com a pesquisa: trata-se da área de Massueime, que abrange, entre outros concelhos, o de Pinhel. Ouvido pela TSF, o presidente da autarquia, Rui Ventura, avisa que se mantêm os argumentos invocados junto do anterior Governo para o concelho de Pinhel estar contra a prospeção de lítio.
"Nós entendemos a importância do lítio, mas a adega cooperativa de Pinhel produz 17 milhões de litros por ano, fora oito novos grandes produtores que temos no concelho. Isto põe em causa aquilo que é a economia do concelho de Pinhel no que diz respeito aos vinhos e ao azeite", explica à TSF Rui Ventura, sublinhando que quer ouvir as propostas do Governo. O autarca alerta, ainda assim, que é preciso defender a economia do concelho.
"Pretendemos que este Governo que está agora em funções nos diga ao que vem e nós daremos a resposta relativamente àquilo que pensamos sobre a matéria. Nos pressupostos do Governo anterior, nós estamos vivamente contra porque põe em causa toda a economia do concelho", reforça.
Na Guarda, o autarca Sérgio Costa quer, antes de mais, saber como vão ser protegidas as linhas de água e as aldeias.
"Temos de ver para crer, queremos ver para crer. Algumas dessas zonas que estavam sinalizadas são junto a aldeias, ora aí é um redondo não. Temos muitas linhas de água. A opinião pública nacional tem de perceber que desta região, particularmente do concelho da Guarda, nascem em três grandes bacias hidrográficas do nosso país e é a partir daqui que as linhas de água nascem. Não é preciso dizer mais sobre os impactos ambientais que pode ter um processo mal feito, mal conduzido e mal ponderado", afirma, também em declarações à TSF.
Sérgio Costa recorda ainda os impactos nos solos, "que podem ser contaminados em toda a envolvente". "Por isso é que neste processo nós queremos ver para crer. E por isso é que também este processo, desde a primeira hora, tem de ser tratado, analisado e ponderado com os autarcas afetados", acrescenta.
