Exportações lusas para Pequim valem menos de metade das importações. PIB do gigante asiático é 55 vezes maior do que o português.
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Veículos, minerais, celulose e papel. Estes três grupos de produtos valem mais de metade das exportações portuguesas para a China, que até setembro atingiram pouco mais de 510 milhões de euros, numa queda de 17% face ao mesmo período de 2017.
No outro prato da balança estão as máquinas e aparelhos, metais e têxteis, que valem mais de 50% dos 1700 milhões que Portugal comprou a empresas chinesas no mesmo período, numa tendência inversa: as compras lusas ao gigante asiático subiram 12%, no mesmo período.
Resultado: um saldo da balança comercial de bens negativo para Portugal em 1.220 milhões de euros.
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No final de setembro, a China era a 13.ª cliente de Portugal e a sexta fornecedora.
No ano passado, as exportações de bens lusos para Pequim atingiram 841,7 milhões de euros, uma subida de mais de 24% face ao ano anterior, com as importações a aumentarem 12,7% para 2.051 milhões de euros.
Já nas transações de serviços, as exportações portuguesas alcançaram no ano passado 229,7 milhões de euros, uma subida de 16,6% face ao ano anterior, e as importações avançaram 15% para 300,6 milhões de euros, o que representou um saldo da balança negativo de 70,9 milhões de euros para Lisboa.
O total das exportações de bens e serviços de Portugal para a China totalizou 1.057 milhões de euros, uma subida de 22,9% face ao ano anterior, enquanto as importações aumentaram 13,6% para 1.982 milhões de euros. O saldo é negativo para Portugal em 925 milhões de euros.
Em 2017, o número de empresas exportadoras portuguesas para Pequim totalizava 1.451, mais 71 do que um ano antes. Em 2013 havia 1.111 operadores económicos portugueses a vender bens para aquele mercado.
Segundo dados do ano passado, Portugal era o 58.º cliente da China e o seu 63.º fornecedor.
O saldo da balança comercial é tradicionalmente desfavorável a Portugal: o défice era de 517,6 milhões de euros em 2012, desceu para 437,5 milhões de euros em 2013, mas atingiu 880,7 milhões de euros em 2016.
Exportações são metade das importações... mas PIB é 55 vezes menor
Analisados isoladamente, os números da balança comercial não mostram, no entanto, a gigantesca diferença entre as economias dos dois países. O PIB chinês é o segundo no ranking mundial atrás apenas do dos Estados Unidos: segundo o Fundo Monetário Internacional, ultrapassou 10 biliões de euros em 2017 . O português, com menos de 200 mil milhões, é 55 vezes menor.
À dimensão do país e da economia junta-se um enquadramento de menor exigência no mercado laboral e na proteção social que tornam a mão-de-obra chinesa mais barata que a portuguesa. Esse desequilíbrio, e a entrada da China na Organização Mundial do Comércio no início do século, tornou impossível a algumas indústrias tradicionais, como a têxtil ou a do calçado, competirem pelo fator preço, forçando-as a reinventarem-se, apostando na inovação e qualidade.