Poucos dias depois de ter feito vários avisos ao PS e à esquerda, a agência de rating canadiana DBRS reavalia esta sexta-feira a dívida pública de Portugal. Uma decisão que é importante nesta altura.
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Não tem a mesma importância para o mercado do que a Fitch, a Moodys ou a Standard & Poor's,mas a DBRS é nesta altura bem mais importante para Portugal. Tudo por causa das regras do Banco Central Europeu (BCE) que estabelecem que é preciso que pelo menos uma grande agência de rating considere que a dívida pública não é lixo.
Só assim, o BCE poderá continuar a emprestar dinheiro ao governo português. Por outro lado,
só desta forma os bancos poderão usar a dívida pública portuguesa que têm nas suas carteiras como garantia para receber o normal financiamento do BCE.
Ora, neste momento, de entre as quatro maiores agências, apenas a canadiana DBRS considera a dívida portuguesa digna de investimento. Mas por muito pouco - no último patamar, acima da linha de água.
Foi assim durante o período da troika e tem garantido, depois disso, que a torneira do BCE continua aberta para Portugal, o que faz baixar os juros da dívida pública no mercado.
O problema é que, na última semana, soou o alerta. A analista da DBRS para Portugal avisou que se as medidas implementadas pelo PSD e CDS fossem revertidas e não houvesse suficiente crescimento, então a empresa de notação financeira poderia lançar Portugal para a categoria de lixo.
Uma ameaça nunca antes feita pela DBRS e que, a ser concretizada, retiraria a Portugal o conforto do BCE. Pelo menos em teoria. É que alguns analistas internacionais acreditam que, se Portugal se visse encurralado, sem avaliações positivas de nenhuma agência de rating, o BCE acabaria por flexibilizar as regras.
Os resultados desta reavaliação da DBRS serão conhecidos depois do fecho do mercado.