"Decisão precipitada num timing errado." Sindicato diz que anúncio da privatização da TAP é "péssimo serviço"
Em declarações à TSF, o presidente do Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil, Ricardo Penarroias, lamenta que os trabalhadores não tenham sido ouvidos neste processo
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O Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil não acredita na palavra do Governo de que a reprivatização da TAP só avança se o comprador der um conjunto de garantias, das quais o Executivo afirma não abdicar. Os representantes dos trabalhadores de cabine lamentam não ter sido ouvidos neste processo. Em declarações à TSF, Ricardo Penarroias também não entende o momento escolhido para este anúncio.
"Uma decisão precipitada num timing totalmente errado, sem haver uma comunicação prévia com os sindicatos e com os trabalhadores do grupo. Sobre os 49 + 5% para os trabalhadores seria negativo, até porque percebemos perfeitamente ao longo do dia que esses 49% são um ‘fait-divers’. O objetivo principal é depois, pelo possível comprador, adquirir progressivamente os 100% e isto é demonstrativo que, mais uma vez, não são os interesses económicos da empresa, não é a visão estratégica da empresa, nem os interesses do país que estão a ser discutidos, mas sim os interesses políticos", considera o presidente do sindicato, sublinhando que "o processo já está a começar mal, porque mais uma vez os trabalhadores não foram ouvidos".
Ricardo Penarroias não fica mais tranquilo com as exigências que o Executivo coloca para a entrega aos privados: "Zero descanso", atira.
"Aquilo que nós assistimos ontem [quinta-feira] foi um péssimo serviço ao país e à empresa. Aquilo que se passou foi, na ânsia de privatizar, uma total desvalorização da própria empresa e isso é inconcebível", argumenta.
O presidente do Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil refere que "as garantias valem muito pouco", uma vez que "os trabalhadores e os sindicatos não foram ouvidos".
"Não acredito que quem queira comprar esteja sujeito às decisões de outros. A manutenção do hub é uma realidade que está no caderno de encargos para 36 meses, a manutenção dos postos de trabalho também para 36 meses. Mas depois desses 36 meses, o que é que acontecerá?", questiona.
O Governo aprovou na quinta-feira o decreto-lei que inicia o processo de privatização da TAP e no qual pretende alienar até 49,9% do capital da companhia aérea.
A aprovação do decreto-lei com as condições para a alienação da TAP é o primeiro passo para arrancar com a venda da companhia aérea, que vai voltar a ter acionistas privados depois de em 2020 o Governo ter avançado para a nacionalização no âmbito do impacto da pandemia no transporte aéreo.
