"Défice sem capitalização da CGD é como balança que não conta com peso da roupa"
Manuela Ferreira Leite considera que, desde que a despesa não se repita, a contribuição do Estado para a CGD não altera a estrutura da economia do país.
Corpo do artigo
Manuela Ferreira Leite considera que a contabilização da capitalização da Caixa Geral de Depósitos (CGD) para o défice de Portugal - que, devido a este fator, passou de 0,9% para cerca de 30% do Produto Interno bruto (PIB) - não é preocupante.
TSF\audio\2018\04\noticias\02\opiniao_ferreira_leite
No espaço de comentário semanal que ocupa na TSF, "A Opinião", Manuela Ferreira Leite admitiu que se gerou uma certa "confusão" pelo facto de, inicialmente ter sido anunciado um défice de 0,9% - o melhor valor de sempre, no país, em democracia - e, "passado uns dias, revelar-se que, afinal, o défice corresponde a 3%", com a inclusão do dinheiro injetado na CGD.
Na opinião da economista, a "confusão lançada teve o mérito de demonstrar que o conceito de défice é teórico e elástico".
Manuela Ferreira Leite ilustrou a situação com a metáfora de uma pessoa que, em determinado dia, se pesa numa balança e, passado uma semana, volta a pesar-se, apresentando um peso muito superior - ignorando a roupa com que estava vestida nas duas ocasiões. Para a comentadora, a CGD representa a "roupa" que não estava incluída na primeira pesagem do défice português mas que, na prática, não vem alterar o seu verdadeiro peso.
Sublinhando que a redução do défice é uma vitória do ministro das Finanças, Mário Centeno, a economista desvalorizou este aumento do défice para 3% com a contabilização da CGD, já que se trata de uma despesa "que não se vai repetir". Se voltar a acontecer, alerta Manuela Ferreira Leite, aí sim, há motivos para preocupações e o défice irá mesmo subir, trazendo consequências para a população.