Dez horas de apagão podem ter provocado prejuízos de 15 milhões de euros na economia portuguesa
A estimativa da Confederação Empresarial de Portugal representa uma média e diz respeito apenas a áreas que não são recuperáveis
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O apagão que afetou o país na segunda-feira pode ter provocado, em média, um prejuízo de 15 milhões de euros na economia portuguesa. A estimativa é do presidente da Confederação Empresarial de Portugal (CIP).
"Considerando um dia normal de trabalho e as cerca de dez horas de quebra na produção, utilizando apenas uma média aritmética, falamos na ordem dos 15 milhões de euros, que é o que corresponde a esse período que houve a paragem. Mas eu, como digo, é apenas um valor de média. Isto nas áreas não recuperáveis, nas áreas recuperáveis, naturalmente, que esse valor diminui, porque os sistemas estão a ser repostos", explica à TSF Armindo Monteiro, sublinhando o impacto em determinados setores.
"Houve atrasos, mas as encomendas prioritárias conseguiram ser entregues, como os medicamentos. Não houve quebra de stocks. Houve alguns atrasos que naturalmente estão a ser repostos, mas há outros setores que infelizmente não é possível de corrigir. Refiro-me à indústria agroalimentar, cujos produtos que estavam em produção finalizada ou em outras produções e não houve tempo para serem produzidos. Nesse sentido, os prejuízos foram significativos, mas sem dramatismo", afirma.
Já o secretário-geral da Confederação da Agricultura de Portugal (CAP) refere que o setor não foi dos mais afetados. Luís Mira fala apenas de perturbações.
"Não se verificou esse prejuízo, a agricultura não para, nós não dependemos da energia elétrica para a grande parte das nossas atividades. Houve perturbações, nomeadamente na alimentação de algumas explorações que dependiam da energia. O setor agrícola é um setor que não para, nem pode parar, a natureza não para e, portanto, não há nenhum relato de prejuízos significativos", frisa.
Por outro lado, o presidente da Confederação de Comércio e Serviços de Portugal, João Vieira Lopes, admite prejuízos no setor, mas não arrisca um número.
"Neste momento, é praticamente impossível fazer um balanço numérico. A maior parte dos estabelecimentos grandes têm geradores a que podem recorrer e que mantiveram toda a rede de frio a funcionar a temperaturas normais. Algumas das lojas independentes e de pequena e média dimensão não têm essa capacidade financeira e por isso houve prejuízos variados que neste momento nós não conseguimos quantificar, mas que tem alguma importância tendo em conta a dimensão e o volume de faturação dessas lojas", esclarece, considerando que o Governo poderia apoiar, mesmo que apenas em parte, quem sofreu prejuízos.
"Parte desses prejuízos são cobertos por seguros, no entanto, tem sentido que o Governo possa, e tendo em conta os meios disponíveis que existem para responder a catástrofes naturais, ressarcir parte desses prejuízos, desde que sejam comprovados que se devem a essa situação", acrescenta.
