Representante da ANTRAM revelou que 30% do volume de combustível será entregue às bombas civis. Sindicato prevê problemas sérios no abastecimento fora de Lisboa e Porto.
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A reunião que juntou o Governo, a ANTRAM e o Sindicato Nacional dos Motoristas de Matérias Perigosas já terminou, mas a greve mantém-se de pé, tal como os constrangimentos por ela causados.
Ficam no entanto garantidos serviços mínimos para locais como aeroportos e hospitais e ainda a entrega de 30% dos recursos desbloqueados às bombas civis.
A ANTRAM garante que não negoceia "sob pressão", ou seja, enquanto a greve durar. Já o sindicato diz que só levanta a greve quando reunir com a ANTRAM.
À saída dos trabalhos, Gustavo Paulo Duarte, presidente da ANTRAM, explicou aos jornalistas que "a reunião não servia para haver acordo" nem para levantar a greve, mas sim para "a definição dos serviços mínimos".
O objetivo era evitar que a população continue a sofrer "aquilo que tem sofrido nos últimos dias" e, para isso, decidiu-se pela continuação da aplicação dos serviços mínimos "claramente escritos na requisição civil".
Estes serviços mínimos abrangem "aeroportos, hospitais e grandes centros de consumo", pelo que devem ser cumpridos nesses contextos, assegurou o representante da ANTRAM.
Quanto a negociações, a ANTRAM assegura que sempre esteve disposta a participar nelas, mas não "em contexto de greve".
"Não deve haver negociações sob pressão", defendeu Gustavo Paulo Duarte, garantindo que enquanto a greve estiver de pé, não haverá negociações.
As reivindicações são "normais" aos olhos do empregador, mas o representante alerta que só algumas podem ser negociadas "dentro do bom senso e da razoabilidade económica das empresas e da economia nacional".
Para a população em geral, os constrangimentos vão continuar. "Está contemplado que 30% do volume a ser planeado seja entregue às bombas civis", distribuição essa que será acordada com as petrolíferas. Mas, "até que se levante a greve, os constrangimentos vão sempre manter-se", alerta Gustavo Paulo Duarte.
Dirigindo-se aos grevistas, Gustavo Paulo Duarte diz perceber que "há um interesse em fazer uma greve nesta altura". O presidente da ANTRAM defende que "não é só para reivindicações laborais, mas sim para interesse político e para danificar a imagem de um setor perante a sociedade civil".
O representante do patronato lembrou a importância desta semana e as viagens feitas pelos portugueses para ilustrar os seus argumentos. "Parece-me um mau princípio e de mau grado marcar greve para uma semana tão importante", concluiu.
Sindicato à espera de negociações. Até lá, greve
O vice-presidente do Sindicato Nacional dos Motoristas de Matérias Perigosas, Pedro Pardal Henriques, revelou que a ANTRAM indicou, "em frente ao senhor ministro", que estaria disponível para negociar.
"Isto é importante porque ninguém quer este estado de calamidade a que estamos a chegar. Queremos conversar com a ANTRAM e já lhes explicámos que não estamos contra eles nem contra as empresas, estamos a defender os trabalhadores", reforçou o sindicalista, que admitiu a existência de interesses das próprias empresas.
Ainda assim, esta não é uma promessa que faça levantar a greve. Apesar de ser "importante" que exista essa intenção, o vice-presidente do SNMMP assegura que enquanto não houver reunião, "a greve continuará e o estado crítico que se vive irá aumentar".
Quanto aos serviços mínimos, Pedro Pardal Henriques assegurou que os serviços mínimos serão postos e que entidades como aeroportos, hospitais e serviços de segurança terão 100% de abastecimento. Ainda assim, tal não vai resolver o problema.
"Estamos a falar só de 40% dos postos de abastecimento de Porto e Lisboa - é o que está no despacho - sendo certo que antecipo um problema sério para as restantes regiões do país", explicou antes de revelar que tem esperança de que a ANTRAM fale com o sindicato de forma a dar uma "Páscoa feliz" a todos.