O director da ONU para o Comércio Mundial exigiu a extinção das agências de rating. Já um dos conselheiros do governo alemão propôs uma forma de anular o poder destas agências.
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O director da Agência das Nações Unidas para o Comércio Mundial exigiu, esta quarta-feira, o fim das agências de rating, no dia seguinte ao corte do rating de Portugal para o nível de lixo.
Em declarações à televisão pública alemã ARD, Heiner Flassbeck considerou que as «agências de rating pelo menos deviam limitar-se a avaliar empresas e não deviam poder avaliar Estados».
Para este ex-secretário de Estado alemão das Finanças, a avaliação dos Estados é uma «matéria muito complexa» e as agências de rating «ignoram frequentemente muitos aspectos positivos».
Por seu lado, o economista alemão Peter Bofinger entende que para anular o poder das agências de rating bastaria trocar títulos da dívida pública grega por títulos do Fundo Europeu de Estabilização Financeira.
À agência Lusa, este membro do grupo de conselheiros económicos do governo de Angela Merkel considerou ainda que estas agências podem ser substituídas, mas apenas se forem criados outros instrumentos de avaliação de credibilidade financeira.
«Seria necessário haver um amplo sistema de notação financeira dos bancos e seguradoras e um criterioso exame desses resultados pela supervisão financeira dirigida pelo Estado», sugeriu este professor de Economia da Universidade de Wuerzburg.
Sobre Portugal, Bofinger considerou que Portugal só teve de pedir ajuda externa «porque os mercados começaram a exigir juros proibitivos» e aconselhou o país a não combater o défice apenas com mais medidas de austeridade.