A disparidade salarial entre homens e mulheres aumenta nos grupos profissionais mais qualificados, é transversal aos vários grupos profissionais e tem aumentado desde 2007, segundo um novo estudo encomendado pelo Governo português.
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A secretária de Estado dos Assuntos Parlamentares e da Igualdade, Teresa Morais, disse à agência Lusa que no estudo se ilumina uma situação «preocupante, persistente e crescente».
«De acordo com o critério que usamos internamente, da remuneração mensal, estamos a falar de uma diferença que, em 2011, foi de 18.5 por cento. Com base na remuneração horário, a diferença é menor, 15.7%, mas ainda assim crescente», indicou Teresa Morais.
O relatório, que já está concluído, será dado a conhecer em primeira mão pelo secretário de Estado do Emprego, Otávio de Oliveira, em sede de Concertação Social.
«Isso vai permitir que os parceiros sociais percebam, porque não tenho a certeza que muitos percebam, que nos seus setores se pratica uma diferença que e persistente e é grave», afirmou a secretaria de Estado.
A responsável adiantou ainda que a diferença é quase inexistente nas camadas profissionais mais baixas e que atinge níveis próximos dos 30% entre os níveis profissionais mais qualificados.
«Quando se sobe na hierarquia, há remunerações extraordinárias e subsídios que são atribuídos mais aos homens e que aumentam essa diferença», explicou Teresa Morais.
Considerando a diferença «esmagadora», a responsável informou que "foram analisados mais de 80 setores de atividades e que em 64 deles os homens têm uma média superior."
«Não é uma situação exclusiva nossa, estamos até ligeiramente abaixo da média da União Europeia. Há países do norte da Europa que são referencia para nós e que têm diferenças maiores, mas isso não resolve o nosso problema», disse a secretária de Estado.
Foi com base nas conclusões deste relatório que o governo aprovou já um conjunto de medidas destinadas a promover a igualdade salarial entre homens e mulheres.
«As empresas que tiverem maiores níveis de igualdade entre homens e mulheres nas remunerações praticadas terão uma valorização nas suas candidaturas, o que significa mais fácil acesso aos fundos comunitários», revelou Teresa Morais.
As empresas do Setor Empresarial do Estado (SEE) ficam também obrigadas a apresentar, de três em três anos, um relatório sobre as remunerações pagas a mulheres e homens.
As conclusões desses relatórios serão tornadas públicas e poderão ser consultadas na página oficial da CITE (Comissão para a Igualdade no Trabalho e no Emprego) na Internet.