Espanha acumulou em março uma dívida no valor de 1,095 biliões de euros. A economia tem dado sinais de crescimento, mas a um menor ritmo do que a dívida.
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A dívida das administrações públicas espanholas continua a crescer. Segundo os dados do Banco de Espanha, relativo ao primeiro trimestre do ano e tendo em conta o ritmo atual de crescimento do PIB, a dívida pública espanhola ultrapassou no primeiro quarto do ano a totalidade do PIB, algo que se regista pela primeira vez desde 1909. Por outras palavras, o país vizinho já deve mais do que a riqueza que gera.
Estes dados do Banco de Espanha, que ainda são apenas preliminares, indicam que a dívida espanhola cresceu 0,8% face ao último trimestre de 2015. Para que o PIB espanhol continuasse a ser superior à dívida, seria preciso ter crescido 2,2% em relação ao trimestre anterior, e 5,3% face ao período homólogo, ou seja, mais de 280 mil milhões de euros, aponta o El País.
Em fevereiro, a dívida espanhola já superava o PIB do ano anterior, mas o país tinha a esperança que o panorama mudasse até ao fim do trimestre, algo que não aconteceu. Aliás, entre fevereiro e março, o crescimento da dívida foi ainda mais forte do que nos meses anteriores. Em apenas 31 dias, a dívida aumentou 14,031 mil milhões de euros, naquela que foi a maior subida desde maio de 2014. Em relação a uma variação entre fevereiro e março, é a pior desde 2010.
Superar a barreira dos 100% do PIB não é um mal apenas de Espanha. Grécia, Itália, Portugal e Irlanda há muito que quebraram essa barreira. No entanto, em Espanha tal não acontecia há mais de um século. O pior registo de Espanha, de acordo com o FMI, remonta aos anos 80 do século XIX, quando o país chegou a uma dívida de 160% do PIB, uma percentagem abaixo da que a Grécia apresenta atualmente.
Estes valores já eram esperados pela Comissão Europeia, que estima que Espanha termine o ano com uma dívida de 100,3% do PIB, e de 99,6% em 2017. Já o FMI, acredita que a dívida ronde os 99% este ano e os 98,5% no seguinte. O Governo aponta para 99,1% este ano e 96% em 2019.