A instituição garante que é legal a criação de bolsas para acompanhar o processo de recuperação de dívidas de propinas. Vão ser contratadas duas pessoas. O movimento Precários Inflexíveis considera o caso escandaloso.
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A Universidade de Coimbra decidiu abrir um concurso para contratar dois alunos, ou antigos alunos, para trabalharem na recuperação de dívidas de propinas, a troco de uma bolsa.
Num esclarecimento prestado pela Reitoria da Universidade à TSF, a instituição garante estar a agir em conformidade com a lei. Esclarece, também, que os dois bolseiros terão, desta forma, um primeiro contacto com o mundo laboral, e não vão cobrar dívidas. Vão apenas, segundo a universidade, acompanhar e validar os processos em dívida, estimados em cerca de 10 mil.
"Como qualquer instituição pública, é obrigação da Universidade de Coimbra proceder à cobrança de todas as dívidas de ex-estudantes. Para o efeito, foi constituída uma equipa de projeto que tem procedido à verificação dos processos individuais de todos os ex-estudantes antes da emissão da certidão de dívida para envio à Autoridade Tributária.
"Este processo de validação administrativa, que envolve a verificação dos elementos de mais de dez mil processos individuais, é desenvolvido por uma equipa de técnicos superiores da universidade. Pela sua dimensão e complexidade, é um projeto capaz de proporcionar a licenciados ou mestres, nomeadamente das áreas de direito ou gestão, um primeiro contacto com a realidade processual administrativa", esclarece a instituição na nota enviada à TSF.
A Universidade de Coimbra sublinha, ainda, que a utilização das bolsas para este efeito está prevista na lei.
No entanto, não tem o mesmo entendimento o movimento Precários Inflexíveis, que fala uma situação recorrente, mas com contornos escandalosos. Joana Campos, porta-voz, considera que a universidade deve "ganhar vergonha e contratar estas pessoas com o respetivo contrato de trabalho".