No dia em que o Fórum de Davos termina com um discurso de encerramento de Trump, Francisco Louçã falou, n'"A Opinião" da TSF, sobre os desafios mundiais da estratégia económica do presidente dos EUA.
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Na cimeira que reúne governos, organizações internacionais e empresas para debater os grandes temas mundiais, surgem também "vozes dissonantes dentro do mundo financeiro", indicou Francisco Louçã, no espaço de comentário "A Opinião" da TSF.
O antigo líder do Bloco de Esquerda aponta, como exemplo, o nome de George Soros, grande investidor do universo da especulação, que tem, no entanto, promovido o debate crítico sobre o neoliberalismo. Louçã lembra que, já nesta cimeira de Davos, Soros fez "uma intervenção arrasadora, muito agressiva", acusando Trump de criar "um Estado mafioso".
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Francisco Louçã destacou o facto de Donald Trump, um "empresário médio", que "nem era muito respeitado na elite dos negócios", nas palavras do economista, ter ganho tamanha relevância no mundo económico ao assumir a presidência dos Estados Unidos da América (EUA).
"Ele faz-se parecer como um homem de muito mais sucesso do que o que tem. Na lista das fortunas nos Estados Unidos, ele está próximo do 1000.º lugar", realçou o economista. "Nunca tinha sido convidado [para a cimeira de Davos], agora aparece e é ele que faz o discurso de encerramento".
Louçã considera que a política económica da "America First", que Trump tem vindo a promover, representa três grandes desafios para economia mundial. O facto de Donald Trump querer fazer dos EUA o maior offshore do mundo é o primeiro destes desafios, já que acarreta uma enorme pressão sobre o resto das economias mundiais.
O problema passa também, na opinião de Francisco Louçã, pela questão do défice norte-americano, já que o novo presidente tem-se pautado por uma política de mais despesa e menos receitas - com "enormes gastos militares" e a "diminuição dos impostos" -, o que se afigura um enorme de desafio de competitividade para a economia da Europa.
O economista equacionou ainda a tendente desvalorização da moeda norte-americana, o dólar, através do crescente favorecimento das exportações e desfavorecimento das importações, a estratégia escolhida por Donald Trump para impulsionar a economia dos Estados Unidos e que prejudica os interesses dos parceiros internacionais.