“Dos 750 mil imigrantes em Portugal, 120 mil trabalham no turismo e a sua qualificação é prioritária”
O compromisso é assumido por Carlos Abade. Na entrevista a Vida do Dinheiro, da TSF e do DV, o presidente do Turismo de Portugal fala de operadores dinâmicos que procuram ajudar na oferta à procura, apostando na contratação e qualificação de recursos humanos, num sector que já dá emprego a mais de 356 mil pessoas
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Na semana em que o Governo divulgou a localização do futuro aeroporto internacional de Lisboa, Carlos Abade aplaude o anúncio e assegura que o Turismo de Portugal nada tem contra a escolha, até fica satisfeito com o compromisso da obra incluir nova ferrovia de ligação a Madrid.
Quanto ao atual aeroporto Humberto Delgado, reconhece que os atuais constrangimentos só podem ser atenuados com obras de alargamento a curto prazo para melhorar a resposta aos turistas que procuram o destino e assegura que há um vasto trabalho m curso com os restantes aeroportos do país para dar alternativas a operadores e turistas.
Apesar dos atuais constrangimentos no transporte aéreo e depois de auscultar players, admite que 2024 passar ser o melhor ano de sempre do sector, face ao atual nível de reservas e das receitas que no final do 1º trimestre estão quase 15% acima dos valores registados em igual período de 2023.
O caminho para crescer passa pela diversificação de mercados emissores, sem esquecer procura crescente por parte de países como os EUA e o Canadá, mas também pela diversificação da oferta, como a recente aposta no Turismo Literário, Turismo Industrial, ou Turismo Corporativo, que também permitem combater a sazonalidade.
Uma estratégia do Turismo de Portugal alinhada com a visão do governo, com quem já reuniu e que passa também pela aposta na inovação, para a qual, já está a dar os primeiros contributos, o novo Centro de Incubação de Base Tecnológica (CIBT) inaugurado no início deste mês no Estoril. Um projeto que representa um investimento na ordem dos 3,4 milhões de euros e pretende ser uma autêntica academia internacional do sector, que servirá de incubadora ao ecossistema tecnológico de empresas ligadas ao turismo, que desenvolvam soluções a pensar na melhoria da atividade, incluindo o recurso a processos de inteligência artificial.
A qualificação de recursos é dada como uma das prioridades do Turismo de Portugal, por Carlos Abade, que considera que o sector tal como todos os outros, tem falta de mão-de-obra, mas os operadores têm apostado na melhoria das condições de trabalho de ano para ano e no recrutamento. Aprova disso, afirma, “hoje o sector dá emprego a mais de 356 mil pessoas e dos 750 mil imigrantes, 120 mil trabalham nas mais diversas atividades turísticas, sendo uma das preocupações, a melhoria das suas qualificações, nomeadamente, ao nível da língua e competências técnicas.
Reconhece ainda que a taxa turística é uma realidade que cativa cada vez mais municípios, mas adverte os autarcas devem na hora de definir os seus valores, levar em consideração a sustentabilidade do negócio nas suas próprias regiões e não por em causa a competitividade do sector.
É inevitável começarmos esta conversa por pedir a sua opinião sobre a decisão do novo aeroporto, anunciada esta semana pelo primeiro-ministro.
Naturalmente que é com satisfação que vemos um processo que dura há 50 anos ter o seu término do ponto de vista de determinação da localização. É um assunto que ao longo dos anos e ao longo do tempo tem ocupado uma grande parte daquilo que são as nossas preocupações. Há muito tempo que o setor do turismo, e não é só o setor do turismo, mas Portugal reclamava a necessidade de uma nova infraestrutura aeroportuária e de facto a necessidade de uma nova infraestrutura aeroportuária. E hoje temos a felicidade de ter já uma decisão e sabemos exatamente o local do aeroporto. Naturalmente que agora temos um tempo de implementação desse processo, mas era importante que definíssemos já e respondêssemos a essa questão que é onde é que vai ser o aeroporto. Isso está definido e é uma boa notícia. Além disso, é importante também tudo aquilo que tem associado, porque não foi só a questão da dimensão do aeroporto, que naturalmente é importante, mas também focou num tema importante que tem a ver com a ferrovia, que é do ponto de vista de mobilidade também uma dimensão particularmente relevante. Hoje, quando olhamos para o centro da Europa vemos que grande parte das viagens são feitas através da linha ferroviária, o facto de não termos uma ligação a Madrid é uma coisa que nos tira no futuro alguma competitividade. E por isso o facto de estarmos já a olhar não só para a dimensão da infraestrutura aeroportuária, mas também estarmos a fazer uma ligação ao tema da ferrovia é particularmente positivo.
Quanto ao aeroporto de Lisboa, acredita que vai ser possível a curto prazo aumentar a capacidade? O ano passado penso que recusou 1,3 milhões de lugares de avião por incapacidade de infraestrutura.
A infraestrutura aeroportuária de Lisboa tem uma enorme pressão sobre ela, porque de facto já está quase nos limites da sua capacidade, mas também é bom ver uma coisa: se olharmos para a infraestrutura aeroportuária de Lisboa há 20 anos atrás, percebemos que há 20 anos atrás ela não tinha a capacidade que hoje tem. Provavelmente há 20 anos atrás ela não tinha a capacidade que hoje tem. Se chegasse aos 16 milhões de passageiros já era um número bastante significativo. Hoje já temos 34 milhões de passageiros na infraestrutura aeroportuária de Lisboa e isso significa o quê? Significa que durante este período têm de ser feitos os investimentos, têm de ser feitas as alterações que permitam que a infraestrutura aeroportuária continue a ter mais passageiros, como aliás está a ter. Hoje, se olharmos para os números e os compararmos com o ano passado, o número de passageiros está a crescer e isso implica o quê? Implica melhorar a capacidade de transporte. Implica de facto melhorar a capacidade da infraestrutura aeroportuária, melhorar do ponto de vista de qualidade, também subir aquilo que é o load factor dos aviões, portanto, basicamente um avião ocupa o mesmo espaço quer tenha um passageiro, quer esteja cheio. Neste momento, o load factor médio é cerca de 74%, o que também, mesmo relativamente aos aviões que chegam, mostra que há a capacidade de crescer do ponto de vista dos passageiros. O que temos de fazer é uma coisa que temos de fazer na nossa vida normal, que é pôr cada vez maior inteligência ao nível da gestão destas infraestruturas e procurar ser o mais eficiente possível.
O plano do executivo, apresentado ontem, prevê que um aumento de capacidade no aeroporto de Lisboa até aos 45 milhões de passageiros. A Confederação do Turismo de Portugal veio estranhar um pouco esta expansão prevista e questionou sobre se era possível, porque é que já não foi feito. Porque é que já não se aumentou nesta dimensão a capacidade? Em sua opinião a atual infraestrutura comportará uma expansão até aos 45 milhões de passageiros?
O que lhe posso dizer é que quem vai ter a responsabilidade de executar os investimentos é a ANA, que é a entidade que gere o aeroporto e vai ter de fazer os investimentos. O que lhe disse há pouco é que mesmo do ponto de vista dos últimos anos, a capacidade da infraestrutura aeroportuária tem crescido. E para continuar a crescer é necessário que sejam investimentos que permitam que isso aconteça e isso é uma matéria que está prevista, aliás, naquilo que é o plano para os próximos anos. E é uma matéria que vai ter de ser implementada pela ANA relativamente àquilo que é a execução dos investimentos que permitam melhorar, por um lado, e aumentar aquilo que é a capacidade da infraestrutura, por outro.
O Governo prevê também o fecho da Portela quando Alcochete estiver operacional. Em sua opinião é a decisão certa ou devia considerar-se manter a Portela como um city airport?
Não. A decisão está tomada sobre essa matéria. O que interessa a partir de hoje é trabalhar na operacionalização dessa decisão. Isso é que é importante. E é importante que todos estejamos juntos, porque é uma decisão que demorou muito tempo. Uma decisão que do ponto de vista do tempo demorou e acabou por destruir valor a Portugal, porque na verdade poderíamos ter capitalizado mais. E o que é importante agora é unirmos à volta desta decisão e avançarmos. E também implementarmos o mais depressa possível. Sabendo que se trata de uma infraestrutura de dimensão, sabendo que os prazos de facto são mais largos e trabalhar ao mesmo tempo numa situação de tornar mais eficiente a infraestrutura aeroportuária que temos. Temos de melhorar a capacidade para que durante este período, até termos essa solução no terreno, de facto possamos ampliar a capacidade de Lisboa. Mas é bom também dar nota do seguinte: nós não trabalhamos só com a preocupação do aeroporto de Lisboa. Trabalhamos também com os outros aeroportos. O aeroporto de Faro, o aeroporto do Porto, Funchal, Ponta Delgada, a nossa preocupação é captar turistas para todo o país e não apenas para Lisboa. Embora, claro, Lisboa tenha uma pressão específica sobre a infraestrutura aeroportuária.
Face à procura, que conselho daria, por exemplo, às companhias aéreas que não têm espaço para operar em Portugal ou que nem conseguem sequer reforçar as operações para os principais destinos e emissores? Temos nestas condições a Saudi Arabia Airlines ou a Qatar Airlines. Poderão os outros aeroportos ser a alternativa?
Temos trabalhado sempre com todos os aeroportos e com todas as companhias aéreas e não temos perdido a oportunidade de aumentar aquilo que são as rotas aéreas. Aliás, mesmo ao nível de Lisboa, por exemplo, temos a nova rota Seul-Lisboa pela Korean Airlines que vai começar em setembro. Temos também, por exemplo, em Faro, a United Airlines que vai começar em 2025. E, portanto, são outras rotas que também vão começar para o aeroporto do Porto. E esse é o nosso trabalho diário, juntamente com as entidades regionais e os órgãos regionais de turismo e juntamente com a ANA. E trabalhamos com todas as companhias para aumentar aquilo que são as rotas aéreas para Portugal. Isso é o trabalho do dia-a-dia, incrementar as acessibilidades aéreas.
Aplaudiu o facto de haver uma decisão relativamente à localização do novo aeroporto, mas não nos deu a sua opinião sobre se concorda com a localização e se acha que, estando fora de Lisboa, pode ter impacto na atividade turística?
Repare, a decisão foi uma decisão assente num relatório técnico, foi feito por uma comissão independente técnica que analisou todas aquelas que eram as várias opções, soluções, problemas, desafios, que cada uma delas determinou. E concluiu que esta, de facto, era a melhor solução. E, portanto, da nossa parte não temos qualquer ponto relativamente a isso que seja contra. É a decisão que foi escolhida do ponto de vista técnico, foi a decisão que foi escolhida do ponto de vista político. Neste momento temos de avançar e implementar rapidamente a decisão que foi tomada.
Estamos quase no final do primeiro semestre do ano. Ainda há razões para o setor ter alguma prudência quanto à atividade turística neste ano de 2024?
Temos de ter sempre prudência, cautela, olharmos os números. Todos os dias percebemos quais são as tendências dos mercados, quais são os desafios. Há sempre coisas novas, umas boas, outras nem tanto, que vão surgindo e vamos tendo de gerir. Aquilo que neste momento temos do ponto de vista de resultados até março deste ano, que já temos fechados, é que apresentam subida em dormidas, em número de turistas e, sobretudo, em valor, em receita, porque estamos a subir 14,7% face ao mesmo período do ano passado. E tendo em conta aquilo que temos de sinais, de reservas, de conversas com operadores turísticos, de reservas já de viagens, o que podemos concluir é que estamos no caminho certo para que 2024 seja claramente um melhor ano do que 2023, que foi um ano recorde.
Portanto, será o melhor ano de sempre?
Neste momento, os dados que temos apontam nesse sentido e é nesse sentido que estamos a trabalhar. Aliás, em 2021, quando fizemos a projeção para a recuperação do setor, e saliento que a recuperação do setor está bem acima daquilo que é a recuperação da média mundial, mas quando fizemos a projeção da recuperação fixámos um valor de 27 mil milhões de euros de receitas do turismo a atingir em 2027. E muitos, na altura, disseram até que seria uma meta irrealista. Aquilo que hoje vemos é que em 2023 já atingimos 25 mil milhões, portanto, estamos a 7,6% de atingir essa meta dos 27 mil milhões de euros. O que significa que, sim, o nosso propósito, o nosso objetivo é em 2024 atingirmos esse valor de receitas do turismo.
O preço médio por noite tem vindo a subir dois dígitos. Isto é um fator de atração ou pode também ser um fator de afastamento de turistas?
O que o setor do turismo tem feito ao longo dos anos é melhorar cada vez mais aquilo que é a sua oferta, tornar-se cada vez mais competitivo. O setor do turismo em Portugal é o 16º destino turístico mais competitivo do mundo e isso significa um trabalho que tem vindo a ser feito ao longo dos anos e que tem melhorado a experiência do turista dentro de Portugal e tornando-se cada vez mais competitivo. E evoluiu na cadeia de valor e isto é normal. Portanto, não se evolui na cadeia de valor no sentido da redução dos preços. O que se faz é evoluir naquilo que é a qualidade da oferta e, naturalmente, que a qualidade da oferta tem de ter o correspondente valor desse aumento e incremento da qualidade da oferta. É o caminho que o setor tem feito. Não é um caminho no sentido de um turismo de massas. Não. É um caminho no sentido de um turismo de qualidade, no sentido que aporta valor. E, aliás, é nesse contexto que tem havido até uma diversificação de mercados para mercados de maior valor acrescentado. Mas não se vai buscar mercados de maior valor acrescentado se não tivermos uma oferta que esteja compatível com esse tipo de exigência. E, por isso, tivemos de evoluir. Esse é o caminho que temos de fazer. Pelo setor, mas sobretudo por Portugal e pelos portugueses. Porque não nos podemos esquecer que, no final do dia, aquilo que nos move é melhorar a vida das pessoas através do turismo. E melhorar a vida das pessoas não é só através das receitas do turismo, sendo que isso é um passo muito importante, porque as receitas do turismo que entram em Portugal não são só para as empresas do turismo. Apenas metade dessas receitas são gastas em atividades nucleares do turismo. As outras são gastas nas outras atividades, nomeadamente comércio, por exemplo, mercearias, supermercados, transportes. Mas, além disso, há um importante contributo do turismo até para a dinamização da cultura. Para a promoção da cultura, para a preservação dos aspetos culturais do povo, da nossa história, dos nossos costumes. E isso é importante que seja referido. E o nosso propósito é esse, é de continuar a crescer este ano, fazê-lo de forma inteligente, responsável e sustentável.
E ao nível dos mercados externos, o que é que se está a verificar este ano?
Há muito trabalho feito no sentido de continuarmos a atrair e é o que está a acontecer e a incrementar o mercado dos Estados Unidos. O mercado dos Estados Unidos, nos últimos anos, tem tido um crescimento muito significativo e continua a crescer, é quase 30% face àquilo que são os dados do ano passado. O mercado do Canadá também continua a crescer. Mercados asiáticos, nomeadamente a Coreia do Sul, que vamos ter a rota aérea, Seul-Lisboa, também é um mercado que está a crescer bastante. Significa o quê? Significa que além de continuarmos muito fortes a consolidar e incrementar aquilo que também é a nossa posição nos nossos mercados mais antigos, diria mais consolidados, é continuarmos a fazer este caminho de diversificação para mercados de maior valor acrescentado e fora da Europa também.
E isso tem sido determinante para o aumento das receitas?
Absolutamente. Aliás, se compararmos aquilo que tem sido a evolução do ponto de vista de percentagem de número de dormidas versus aquilo que é a evolução do ponto de vista de aumento das receitas, o aumento das receitas está bastante acima. Por exemplo, a março deste ano, comparado com o ano passado, temos um crescimento de 7% em dormidas e temos um crescimento de 15% em receitas. Isso significa que, de facto, o turismo em Portugal é um turismo de cada vez maior qualidade, que aporta mais valor e que encontra no mercado internacional e nacional a procura. Porque podíamos estar a falar de algo que não seria correspondido por parte do mercado, mas pelo contrário. O mercado continua a encontrar qualidade e continua a corresponder do ponto de vista daquilo que é o pagamento correspondente de custo.
O turismo de Portugal acabou de inaugurar um novo centro de inovação. Que projeto é este? O que é que definiu como prioridade para os próximos tempos já tendo em conta a nova geografia política?
Há uma dimensão importante e que tem a ver com os desafios, que também são oportunidades. Para continuarmos a crescer, e é esse o grande propósito que o setor tem, tem de ser de forma cada vez mais inteligente, cada vez mais assente na diversificação do produto, na inovação, na qualificação, de forma mais responsável, de forma mais sustentável. Temos de encontrar sempre, todos os dias, melhores soluções para os problemas que temos e que vamos encontrando e mesmo até pensar em problemas que ainda não temos hoje, mas vamos ter depois e começar a pensar já nesses problemas e nas soluções. E isso implica o quê? Implica um cuidado diário com o tema da inovação, com o tema da diferenciação, como é que vamos encontrar melhores soluções para a operação nos hotéis serem mais eficientes, por exemplo? Como é que procuramos mais soluções, por exemplo, para tornar os aeroportos e os fluxos nos aeroportos mais eficientes, para que as pessoas não passem tanto tempo no aeroporto e seja de uma forma mais fluida? Como é que gerimos de forma mais inteligente o território? Como é que ligamos os diversos pontos e os ativos que existem no território e como é que fazemos ligando-os à ferrovia, por exemplo? Isso implica o quê? Implica procurar soluções novas. E o Centro de Incubação de Base Tecnológica no Turismo tem precisamente isso por objetivo, ou seja, é pensar muito em inovação no setor do turismo. É pensar em inovação, encontrar soluções, gerar parcerias. E encontrar aqui parcerias com o setor, naturalmente, o setor é a base disto tudo, a base de todo este pensamento. Depois, procurar também as start-ups que possam pensar em novas soluções. Ter colaboração e parcerias com empresas multinacionais já estabelecidas e que possam ter soluções na área da tecnologia que nos possam ajudar a crescer. E tecnologia, quando falo na tecnologia, não falo num sentido restrito da palavra. Tecnologia é hoje também encontrar, por exemplo, um colchão que tenha melhores condições do ponto de vista daquilo que é o conforto para quem se deita nele num quarto de um hotel. Ou seja, não é só tecnologia num sentido restrito. Temos de encontrar as melhores soluções para conseguirmos fazer o quê? Mais e melhor. E só conseguindo fazer mais e melhor todos os dias, que é o que o setor tem vindo a fazer ao longo dos anos, é que vamos continuar a crescer. Porque queremos crescer de forma inteligente, ou seja, assente muito na diversificação, assente muito na inovação, assente na qualificação dos recursos humanos e de forma responsável e sustentável.
E em que fase é que está este projeto? Já existem muitas start-ups ou empreendedores a trabalhar nele?
O centro foi inaugurado há uma semana atrás. De facto, foi um marco, que pode ser um marco histórico para o setor do turismo, que de facto agora tem ali um fórum de inovação no setor no NEST, que é uma associação, é um Digital Innovation Hub que faz a cogestão, juntamente com o Turismo Portugal daquele espaço. Todos temos programação do ponto de vista daquilo que são think tanks sobre o tema de turismo, aquilo que são programas de incubação que estamos neste momento a lançar, aquilo que são start-ups que já estão lá instaladas. Portanto, há uma dinâmica que está a acontecer e é uma dinâmica que tem de continuar juntamente com o setor. É preciso que esta dimensão, que é a inovação e o setor, estejam juntos para que se encontrem soluções para os problemas reais que o setor tem neste momento.
O programa do Governo prevê 12 pontos para impulsionar ainda mais o turismo. Já conhece essas prioridades do executivo? Já reuniu com Pedro Machado, o secretário de Estado do Turismo?
Naturalmente que sim. As prioridades vão muito em linha também com aquilo que temos vindo a falar. Uma aposta muito grande naquilo que é, primeiro, o posicionamento do turismo enquanto um setor nuclear no crescimento da economia portuguesa e isso é uma dimensão importante. O turismo não é uma coisa à parte da economia, às vezes falamos muito de economia e depois falamos de turismo quase como se as coisas não estivessem dentro. Não, o turismo está dentro da economia. O turismo é uma atividade nuclear para fazer crescer a economia portuguesa de uma forma inteligente, desde logo pelo efeito da alavanca que tem nos outros setores de atividade e desde logo também pelo efeito que tem no incremento do valor da marca Portugal e do efeito que isso tem depois em todas as outras atividades. Portanto, essa dimensão, a dimensão muito forte do ponto de vista de crescimento na qualificação dos recursos humanos e das lideranças do turismo, uma dimensão muito forte naquilo que é o setor, que é a dimensão da sustentabilidade, também de reorganização das organizações turísticas. Portanto, há aí uma dimensão no programa do Governo relativo à questão da Lei 33 de 2003. Naturalmente que isso são temas que estão em cima da mesa e são os temas até porque o turismo de Portugal implementa as políticas públicas definidas pelo Governo. E, portanto, é nesse caminho que estamos.
Presumo que esteve presente naquela reunião do Conselho Estratégico de Promoção Turística, onde o ministro da Economia, este mês, fez saber sobre o que é a promoção externa para os próximos anos que deverá fomentar a oferta comercial de produtos diferenciados para os tais segmentos mais exigentes.
Exatamente. O Conselho Estratégico de Promoção Turística é um órgão de aconselhamento do Sr. ministro e do Sr. secretário de Estado em matéria de promoção turística, naturalmente que estive presente, e sim, esse foi um ponto muito assente e muito definido relativamente àquilo que é a procura de novos produtos, de produtos mais distintivos, de produtos mais diferenciados, que consigam fazer o turismo crescer. E crescer em mercados de maior valor acrescentado. E não sei se disse e o referiu, mas, por exemplo, produtos como o turismo literário, em que associamos o turismo à literatura, aos nossos escritores que estão traduzidos e, portanto, podemos alicerçar ou basear sobre a literatura portuguesa roteiros turísticos e acrescentar valor àquilo que é a experiência do turista em Portugal. Naturalmente que é isso que estamos a fazer e é isso que vamos ter de continuar a insistir. Turismo industrial, associado muito à indústria. Enfim, tivemos até agora em São João da Madeira onde lançámos o primeiro mural da liberdade, no contexto dos 50 anos do 25 de Abril, onde fizemos a apresentação disso numa indústria que agora está desativada, mas que agora é um polo cultural e um polo também industrial. E também tem a indústria de Viarco, que era o antigo Lápis Azul, fazia os lápis dos censores, e que agora também se faz turismo industrial assente nisso. Há uma rede de turismo industrial que neste momento está aberta e a ser alargada por todo o país. Portanto, são estes produtos que são diferenciadores e que têm muito a ver com aquilo que é a nossa história enquanto povo que criam o maior valor acrescentado na experiência do turista. É nisso que estamos a trabalhar, ter cada vez maior valor acrescentado. É aqui que está a riqueza. A riqueza é criada a partir do valor acrescentado que é gerado. Não é só a partir das receitas que entram. Porque podiam entrar as receitas, mas as despesas podiam ser equivalentes. Não é o caso. Temos de gerar valor acrescentado.
E isso resolverá o problema da sazonalidade?
É um dos fatores que pode resolver o problema da sazonalidade. Devo dizer que o tema da sazonalidade tem vindo a descer de uma forma muito expressiva. É verdade que ainda existe, mas tem vindo a descer de forma muito expressiva. Um dos objetivos é que o turismo vá a todo o território de Portugal e ao longo de todo o ano, permitindo assim que a sazonalidade deixe de existir. E a procura por este tipo de produtos, produtos turísticos, nomeadamente a questão que estávamos a falar do turismo literário ou do turismo industrial, ou o auto-cycling, o walking, portanto, outro tipo de motivações, leva a que as pessoas viajem ao longo de todo o ano e esbatam a sazonalidade. Esse também é um dos grandes objetivos e prioridades.
A falta de mão de obra é um dos problemas apontados pelos empresários do setor do turismo. Tendo em conta o diálogo que mantém com os agentes do setor, tem a perceção de qual tem sido o impacto nos atrasos da regularização da mão de obra imigrante, nomeadamente de alguns problemas de operação da Agência para a Integração de Migrações e Asilo?
O setor do turismo tem, como outros setores de atividade económica, problemas de carência de mão de obra. É bom dar nota de que o turismo, em 2023, já ultrapassou o número de recursos humanos a trabalhar no setor que tinha em 2019. Só considerando alojamento e restauração, havia 350 mil trabalhadores em 2019 e já havia 356 mil em 2023.
E há dados sobre o peso da mão de obra imigrante no setor?
Os dados que temos é que estão neste momento a trabalhar em Portugal cerca de 750 mil imigrantes, por volta deste número, e que haverá cerca de 120 mil que estão a trabalhar no setor do turismo. E o setor do turismo é um setor de vários subsetores de atividade. Também é bom dar nota disto. Quando estamos a falar de turismo não estamos a falar só de alojamento e de restauração. Estamos a falar de agências de viagens, estamos a falar de rent-a-car, estamos a falar de atividades de animação turística. Estamos a falar de uma panóplia de atividades. Se falarmos com cada uma das empresas, basicamente, grande parte das empresas procuram mais mão de obra que permita garantir que aquilo que também é o crescimento da oferta possa ter um correspondente do ponto de vista daquilo que é a capacidade de poder receber os turistas com a qualidade e a excelência que temos vindo a pautar o nosso setor do turismo. Então, se esta dimensão dos recursos humanos é crítica e também a qualificação dos recursos humanos e a questão da imigração, naturalmente que também nos traz os desafios que da qualificação dos recursos humanos, daqueles que procuram o setor do turismo como uma forma de ter as suas carreiras, que recebemos bem, de forma inclusiva, mas temos de facto que fazer a dimensão da qualificação desses recursos humanos. E é uma qualificação que exige também competências específicas, a questão da língua, a questão da cultura, a questão do conhecimento da história, para que haja uma empatia entre quem trabalha no setor e o turista. Portanto, é um tema que é uma prioridade do turismo em Portugal.
Há um grande trabalho ainda por fazer? Há alguma calendarização, por exemplo, na formação?
Há um trabalho que já é um trabalho que está a ser feito. O número de trabalhadores imigrantes que trabalham no setor implicou que seja do lado das escolas de hotelaria e turismo em Portugal, que tem 12 escolas de hotelaria em todo o país, mas também do lado das empresas, que também têm dimensões de formação, tivessem de qualificar esses trabalhadores para que eles estejam ao serviço. Agora, este é um trabalho que tem de ser constante. Todos os dias procuramos novas soluções, todos os dias o turismo em Portugal desenvolve ações, nomeadamente com conselhos, com municípios. Por exemplo, um programa de formação mais próxima que vai aos conselhos e vai formar trabalhadores no turismo, sempre num propósito de qualificar, de reforçar a qualificação dos recursos humanos, que é uma forma também de valorizar os trabalhadores. E é importante dar mais valor àquilo que é o produto oferecido pelas empresas, mas sobretudo também valorizar o próprio trabalhador do ponto de vista de qualificações.
Outro problema é reter talento nacional. Muitos dos alunos que se formam nas escolas de hotelaria acabam por sair do país, até porque vêm outros países buscá-los. As empresas deviam aumentar os salários mais do que têm feito até agora para conseguir reter esse talento no país?
Grande parte dos alunos que saem das escolas de hotelaria, aliás, 95% dos alunos que saem das escolas de hotelaria têm empregabilidade imediata. E essa empregabilidade imediata, na sua esmagadora maioria, é no território nacional, independentemente depois das carreiras que possam seguir, e isso também é positivo do ponto de vista daquilo que é o turismo. Mas relativamente à questão das empresas, as empresas têm feito ao longo dos últimos anos um esforço para melhorar aquilo que são as condições salariais dos trabalhadores. E não só condições salariais dos trabalhadores, mas também a proposta de valor que as próprias empresas entregam aos trabalhadores que não se resume apenas ao tema salarial. Mas só falando no tema salarial, aquilo que tem acontecido ao longo dos últimos três anos tem sido um aumento dos salários daquilo que é do turismo médio de 6% ao ano, que é o dobro daquilo que é o crescimento da média da economia nacional, o que significa que o setor está a fazer um esforço no sentido de aumentar aquilo que são os salários. E é um esforço que tem de continuar. O turismo é uma indústria de pessoas para pessoas, as pessoas são a nossa principal preocupação, temos de as qualificar, mas temos de as valorizar. A valorização passa também por esta valorização salarial. Mas não só. Passa também por dar melhores condições e entregar propostas de valor mais atrativas. Hoje é o trabalhador que escolhe a empresa onde trabalha, não é a empresa que escolhe o seu trabalhador. E isso significa o quê? Significa que as empresas do setor do turismo quando vão, por exemplo, às bolsas de empregabilidade, onde o Turismo Portugal esteve até há bem pouco tempo em cinco bolsas de empregabilidade juntamente com a Associação Fórum Turismo, têm a preocupação de dar conta de qual é a proposta de valor daquele projeto, qual é a preocupação que a empresa tem do ponto de vista de sustentabilidade. E é este transmitir o que é que o trabalhador pode esperar de um projeto naquela empresa que também faz muita diferença na escolha da empresa onde vai trabalhar.
E por onde deve passar a gestão da sazonalidade do emprego?
A gestão da sazonalidade do emprego passa pela gestão da sazonalidade do setor e pela redução da sazonalidade do setor, que é o que temos vindo a esbater ao longo dos anos. Não está completamente esbatido, mas tem vindo a ser esbatido. Como é que conseguimos trabalhar nisso? Diversificação de produtos. Diversificar para termos produtos turísticos que promovam a motivação e a visita a Portugal noutras alturas que não apenas nas alturas altas. E isso tem de facto vindo a acontecer, mesmo na região do Algarve, tem vindo a acontecer a procura da região do Algarve noutras alturas que não em junho, julho e agosto. Ir ao Algarve só nessas alturas já não existe, de facto já existe procura fora disso que tem esbatido a sazonalidade, mas naturalmente nos tem também ocupado bastante do ponto de vista daquilo que é as nossas preocupações, que é levar o turismo a todo o território ao longo de todo o ano.
Falou do Algarve. Esta é uma região que tem revelado escassez de água e que foi apontada a escassez de água como um fator crítico para o turismo. Que medidas podem minimizar esse impacto na hotelaria?
O resultado da verificação e da constatação da dimensão da escassez de água, que não foi uma situação deste ano, é uma situação que temos vivido ao longo dos anos, foram definidas algumas medidas relativamente a essa matéria onde o turismo naturalmente também está envolvido. O turismo está envolvido com um conjunto de medidas de eficiência hídrica, nomeadamente na área da hotelaria, mas também noutras áreas, e isso permite o quê? Tornar cada vez mais eficiente a utilização da água. Isso por um lado. E mesmo a questão dos campos de golfe é exatamente a mesma coisa. É bom notar que mesmo na questão dos campos de golfe, aquilo que é o consumo da água dos campos de representa 6% daquilo que é o consumo total na região do Algarve. É pouco? Não, é 6%. Mas isso significa o quê? Significa que também fez um caminho grande do ponto de vista de utilização de tecnologias, lá está há, há pouco falávamos do tema do centro de base tecnológica do turismo e de encontrar soluções que permitam ser cada vez mais eficiente no uso da água. Esse caminho o setor está a fazer para cada vez poupar mais água. Além disso, temos também uma campanha em curso, a campanha Save Water, onde empresas do turismo já estão envolvidas e que têm de cumprir um conjunto de medidas de instalação de equipamentos de eficiência hídrica, para que de facto possam ser mais eficientes no consumo da água.
E esses custos, até porque há alguns grupos que até admitem construir dessalinizadoras privadas, depois serão imputados ao turista ou não?
Não. Isso são investimentos que têm de ser feitos, as empresas não investem só nisto, investem em tudo o resto e vão aumentando aquilo que é a sua qualidade da sua oferta. E esses custos são custos de investimento que normalmente depois repercutem ao nível do balanço das empresas, ao nível da exploração, não tem necessariamente de ter uma conexão entre colocar torneiras mais eficientes e ter um custo, até porque o ser mais eficiente do ponto de vista do consumo de água implica uma redução dos próprios custos. E, portanto, a empresa está a investir na redução dos próprios custos que vai ter na exploração. Porquê? Porque vai ser mais eficiente e não vai ter de pagar tanta água.
Quanto ao aumento dos fluxos turísticos das grandes cidades, como Lisboa e Porto, como é que se pode gerir a pressão nos centros das cidades e sobre o alojamento local? As autarquias voltam a decidir sobre novas licenças entre outras medidas já aprovadas pelo novo governo. Que leitura faz?
O turismo é importante porque impacta positivamente a vida das pessoas e esse é o pressuposto de sempre de base. E por isso temos de estar sempre atentos àquilo que são os fluxos dentro do território, por isso é que temos a preocupação de levar o turismo a todo o território, por isso é que temos a preocupação de levar o turismo durante todo o ano e, sobretudo, de gerir de forma cada vez mais inteligente as cidades e os territórios. Hoje a cidade de Lisboa ou a cidade do Porto, é diferente da cidade de Lisboa e da cidade do Porto de há 20 anos atrás, do ponto de vista daquilo que são os seus equipamentos, que é a sua capacidade de receber, evoluiu muito significativamente. E isso permitiu o quê? Permitiu também que fosse aumentada aquilo que é a sua fruição. Temos de ter atenção a essas dimensões, temos de ter atenção também a criar produtos turísticos que permitam a procura de outros locais dentro do território nacional, daí a nossa preocupação de trabalhar muito os ativos e os recursos que existem no interior do país, para que de facto haja procura e os fluxos turísticos vão por todo o território e ao longo de todo o ano. E trabalhar de uma forma que garanta que efetivamente o turismo continua a ser absolutamente determinante para impactar de forma positiva na vida das pessoas. Mas esta pressão turística nos grandes centros não tem esbatido, digamos que a identidade das culturas locais, o turismo tem de ser líder na defesa da autenticidade das cidades. Porque é a autenticidade das cidades que permite de facto entregar a quem nos visita uma experiência única. E o turismo tem de ser líder na defesa da autenticidade. E quando falamos muito da questão do turismo e da questão das cidades, é bom ver que o turismo também contribuiu muito para a qualificação das próprias cidades. As cidades foram qualificadas e hoje são diferentes do ponto de vista até de fruição do seu espaço público. O próprio alojamento local, quando nasceu e quando começou de facto a ter mais estrutura, fez um caminho extraordinário na qualificação das cidades.
Mas nesta altura faz sentido haver limites para não descaracterizar precisamente as cidades?
O tema do alojamento local está a ser visto pelo governo. O governo já anunciou medidas onde a dimensão do alojamento local está prevista, portanto, são medidas que vão estar em curso e naturalmente depois temos de aguardar que essas medidas sejam definidas para depois podermos avançar.
Temos prós e contras em relação à taxa turística suportada pela hotelaria. Qual é a sua opinião? Concorda com a existência?
A taxa turística de facto existe em grande parte dos concelhos. O que é importante ter em conta é que, primeiro, a definição de uma taxa turística é um custo acrescido para quem visita e temos sempre de ter atenção na fixação dessa taxa, porque os territórios e as regiões têm de se manter competitivos para que continuem a beneficiar daquilo que são os efeitos positivos do setor do turismo. Isso por um lado. E por outro lado é importante que o que resulta dessas taxas turísticas possa, do ponto de vista da aplicação, ter também um mecanismo que permita o setor do turismo estar envolvido para que depois sejam feitos investimentos que estejam alinhados também com aquilo que é a realidade.
Mas há cada vez mais municípios a criar taxas turísticas. Concorda com essa orientação?
Essa é uma competência dos municípios. Aquilo que refiro é que tem de haver atenção relativamente àquilo que é a potencial perda de competitividade dessas regiões e tem de se ter atenção quando se fixa a taxa turística. É preciso considerar essa dimensão e também do ponto de vista da aplicação dos resultados dessa taxa é preciso que ela tenha em conta aquilo que é o setor do turismo e o seu propósito relativamente ao desenvolvimento do setor, da qualificação das cidades e das pessoas. É essa parceria que tem de ser cada vez mais estreita.
Qual tem sido a adesão aos vários programas de apoio e incentivos do turismo de Portugal? Que balanço faz?
O turismo de Portugal gere instrumentos de apoio financeiro há vários anos desde sempre, aliás, quando entrei no turismo foi pelo Fundo de Turismo em 1995, portanto, era o que fazia apenas e naturalmente que tem tido uma grande adesão. É bom dar nota de que o turismo atua sempre em complementaridade, o que significa que primeiro temos os fundos europeus e os fundos europeus servem precisamente para efeitos estruturantes, aquilo que pode de facto ter um efeito mais impactante nas empresas do setor do turismo. E podemos ser, e somos, complementares porque temos linhas de crédito bonificadas com bancos, um conjunto de instrumentos que no fundo complementam essa atuação, mas depois do mesmo passo quando definimos e desenhamos as linhas, normalmente desenhamos com o mercado financeiro e com os bancos, para que haja um envolvimento do mercado financeiro também à volta do setor do turismo. Ou seja, não retirar daquilo que é a esfera de atuação dos bancos o setor do turismo, porque é necessário envolver todos. Aquilo que tem sido a procura dos instrumentos financeiros promovidos pelo Turismo de Portugal nos diversos instrumentos e fundos, tem sido bastante significativa porquê? Porque também tem a ver com a capacidade que as empresas têm tido de fazer novos investimentos, muitas vezes de requalificação, e essa é uma componente importante, a requalificação e reposicionamento da marca, porque permite este caminho de evolução na cadeia de valor.
E há projetos que estão a ser financiados pelo PRR no setor do turismo? Tem noção da execução?
Há projetos que estão a ser financiados no âmbito das agendas mobilizadoras. Há uma agenda em concreto que diz respeito ao setor do turismo e que cujo nome é Transformar o Turismo e que tem um conjunto de parceiros, cerca de 33, com uma agenda de cerca de 150 milhões de euros que está em curso. É um investimento de 150 milhões feito por 33 entidades, entre as quais o próprio Turismo Portugal. Está em curso dentro daquilo que são os prazos estabelecidos e tem projetos que a curto e médio prazo poderão ser bastante impactantes no setor. Por exemplo, ao nível do setor do turismo temos um projeto que permitirá, através do uso da inteligência artificial, conhecer de uma forma cada vez mais fina aquilo que são as tendências de mercado que existem nos outros países e adequar as nossas campanhas de promoção precisamente a essas tendências. Portanto, esta dimensão da inteligência artificial é uma dimensão que acompanhamos com muita atenção e, por exemplo, a esse nível, temos esse projeto dentro disso. Há outros projetos na agenda, como seja a melhoria da fruição do espaço dos aeroportos apresentados pela ANA e outros.
E os prazos de execução estão a ser cumpridos?
Os prazos de execução, dentro daquilo que está acordado com o PRR, está a ser cumprido. Temos também outro importante, peço desculpa por voltar atrás, mas que tem a ver com a requalificação e modernização da nossa rede de escolas de hotelaria. São 12 escolas de hotelaria que temos em todo o território e uma das dimensões do PRR é, de facto, o apoio à requalificação dessas escolas e, portanto, dentro daquilo que é os prazos definidos pelo PRR, os projetos estão a ser desenvolvidos.
