"É essencial manter disciplina fiscal nos próximos anos", diz Álvaro Santos Pereira
"É essencial manter a disciplina fiscal nos próximos anos, para que a dívida pública continue a descer e para que tenhamos margem de manobra em caso de choques inesperados ou se a economia desacelerar", alerta
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Álvaro Santos Pereira alertou, esta quarta-feira, para um conjunto de riscos para a economia mundial e nacional e salientou que "é essencial manter a disciplina fiscal nos próximos anos", para ter "margem de manobra".
Na audição no Parlamento no âmbito da indigitação para o cargo de Governador do Banco de Portugal (BdP), Álvaro Santos Pereira enumerou um conjunto de riscos para a economia, incluindo riscos orçamentais, de crises financeiras nos países menos desenvolvidos e emergentes e também relacionados com os criptoativos.
A ser ouvido na Comissão de Orçamento, Finanças e Administração Pública, Santos Pereira falou do seu percurso profissional e defendeu que lhe deu "os necessários recursos técnicos, de gestão e diplomáticos para o exercício das funções do Governador de Portugal e de membro do Conselho da Governação do Banco Central Europeu".
Além disto, reiterou, a sua experiência é "ainda mais relevante no mundo atual", numa época em que "a incerteza sobre as políticas económicas é muito elevada e após a economia mundial ter sido sujeita a vários choques nos últimos anos".
Já a nível nacional, o futuro governador reiterou que "há setores que podem ser afetados por tarifas", destacando também que o "endividamento baixou, mas permanece alto".
Desta forma, apesar da melhoria nas contas públicas, deixa já o alerta: "É essencial manter a disciplina fiscal nos próximos anos, para que a dívida pública continue a descer e para que tenhamos margem de manobra em caso de choques inesperados ou se a economia desacelerar."
Santos Pereira destacou também, na sua avaliação da situação económica e financeira do país, a evolução do mercado imobiliário e o impacto que este pode ter.
Os fatores para a subida dos preços "prendem-se com o fraco aumento da oferta de casas face à procura", bem como uma "subida da procura por parte de estrangeiros residentes e não residentes e a descida das taxas de juro".
Assim, defende que "fomentar a oferta de casas deve ser uma prioridade nacional absoluta, não só para habitação condigna, mas também para diminuir a pressão do endividamento e diminuir o risco para a estabilidade financeira".