Desmond Lachman, em entrevista ao Expresso, disse que «Portugal não vai conseguir aguentar as políticas do FMI sem grandes cortes da despesa e sem deixar o Euro».
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Desmond Lachman, antigo director-adjunto do FMI, considerou, numa entrevista ao Expresso, que «é inevitável Portugal sair do Euro», uma divisa que «tem os dias contados».
Para este ex-responsável do FMI, «Portugal não vai conseguir aguentar as políticas do FMI sem grandes cortes da despesa e sem deixar o Euro».
Lachman, que admite que esta é uma decisão difícil, entende que é melhor que a saída portuguesa do Euro se verifique agora do que daqui a dois anos.
Este ex-director-adjunto do FMI, que lembrou que Portugal tem uma situação mais frágil do que a da Grécia, não percebe como os portugueses vão conseguir pagar a dívida e aguentar a austeridade que vai resultar em «recessão profunda e deflação».
Desmond Lachman assinalou que Portugal tem uma «fraqueza extrema» com uma dívida externa superior à grega e que se incluir o sector privado equivale a 230 por cento do PIB a juntar ao défice orçamental.
Para este especialista, estas «fraquezas» são incompreensíveis, porque o país não pode desvalorizar a moeda.
Lachman criticou ainda o FMI, que «nem sequer cheirou a crise», e considerou que a União Europeia não vai conseguir aguentar os enormes desequilíbrios orçamentais corrigindo-os dentro do Euro.