E-Lar entra em vigor: programa apoia compra de eletrodomésticos eficientes, Zero lamenta exclusão de bombas de calor
Com este novo programa, é possível trocar fogões, fornos e esquentadores a gás por equipamentos elétricos de classe A ou superior. Em declarações à TSF, Francisco Ferreira, da associação ambientalista Zero, aplaude o programa, mas lamenta que deixe de fora soluções mais eficientes para aquecer a casa
Corpo do artigo
Entra esta terça-feira em vigor o programa E-Lar, que apoia a compra de eletrodomésticos mais eficientes. Com esta iniciativa, é possível trocar fogões, fornos e esquentadores a gás por equipamentos elétricos de classe A ou superior. O objetivo é reduzir o consumo de combustíveis fósseis e combater a pobreza energética. De fora ficam, no entanto, as bombas de calor, um dos equipamentos mais eficientes em termos energéticos, mas mais caro.
A ministra do Ambiente, Maria da Graça Carvalho, afirma que o programa que agora arranca não se reduz àquele equipamento. "Claro que são equipamentos não muito caros, estamos a falar de um programa para pessoas carenciadas e vulneráveis, não estamos a falar em bombas de calor", começa por dizer a governante, sublinhando que este é um "programa contra a pobreza energética".
"Queremos eletrificar os consumos por uma questão de sustentabilidade, para reduzir as emissões, mas também por uma questão de proteção em relação aos preços. Se continuarmos dependente de gás, ficamos completamente vulneráveis a oscilações exteriores, a guerras exteriores, não temos gás natural, temos todo o potencial para energias renováveis, para produzir eletricidade, para baixar o preço da eletricidade", acrescenta.
Ouvido pela TSF, Francisco Ferreira, da associação ambientalista Zero, aplaude o programa, mas lamenta que deixe de fora soluções mais eficientes para aquecer a casa.
"No nosso entender, principalmente para as famílias com menos recursos, o programa tem um conjunto de incentivos que têm sentido, mas falha ao não apoiar aquilo que é a eficiência maior no que diz respeito ao aquecimento de água ou à climatização das casas, no apoio ao ar condicionado e bombas de calor", explica o ambientalista.
Francisco Ferreira argumenta que "as bombas de calor ou os ares condicionados têm uma eficiência na ordem de 250%, ou seja, têm um rendimento muito maior". "Quando trocamos de esquentador para termoacumulador, para aquecer a água, os rendimentos são pouco melhores entre um e outro", refere.
Também em declarações à TSF, João Fernandes, jurista da Deco, adianta que, segundo o feedback que tem recebido dos consumidores, as pessoas gostavam que o E-Lar apoiasse a compra de outros produtos, como frigoríficos e painéis solares.
"Os consumidores dão-nos feedback, é preciso irmos um bocadinho mais longe. São necessários apoios para a criação de frigoríficos mais eficientes, bombas de calor, painéis solares e ares condicionados. Os consumidores dão-nos conta de necessitarem de apoios para a aquisição destes equipamentos, pelo investimento avultado que comportam. São, efetivamente, muito importantes para a melhoria da eficiência energética das habitações dos portugueses. Falamos de tecnologias com índices de eficiência energética superiores a 100%, como os ares condicionados, tendo um importantíssimo impacto naquilo que é a fatura energética de cada consumidor", frisa.
O programa E-Lar é aprovado pela Comissão Europeia e pretende apoiar os consumidores na transição energética. Os vales de apoio podem chegar quase aos 1700 euros para famílias vulneráveis com tarifa social de energia. O programa deveria ter arrancado em julho, mas o Governo optou por adiar para depois das férias.
