
A economia espanhola está a dar sinais de recuperação apesar das dificuldades internas e internacionais que permanecem, disse hoje o ministro dos Negócios Estrangeiros espanhóis.
«A economia espanhola começa a dar sinais de que a recessão ficou no passado e de que a recuperação da crise parece possível em qualquer momento», afirmou José Manuel García-Margallo.
O chefe da diplomacia espanhola falava na estreia de um novo encontro de debate, o Fórum Espanha Internacional, organizado pelo Nueva Economia Forum, em Madrid, no qual destacou os sinais económicos que, referiu, suscitam «otimismo cuidadoso».
«Há um ano o risco da divida passava os 600 pontos base. E só se falava do resgate económico de Espanha. Neste trimestre sairemos da recessão e o que se discute é a força da recuperação económica», disse.
Margallo considera que o cenário atual é resultado do trabalho do executivo espanhol, que «não quis maquilhar mas sim modificar radicalmente o sistema que existia», apostando «num setor económico voltado para o exterior» como «primeira linha de combate para sair da recessão e da crise e para retomar o caminho do crescimento e da criação de emprego».
Margallo referiu-se a melhorias como a queda da dívida das famílias espanholas - menos 540 milhões de euros desde 2008 - e as fortes melhorias no setor exterior, com uma queda de 69% no défice comercial e uma balança de pagamentos em excedente.
Ainda assim, o chefe da diplomacia recordou as dificuldades que permanecem: «Prevê-se uma queda do PIB de 1,3%, continua a haver um desemprego absolutamente dramático e há incertezas internacionais».
«O que acontecerá com o euro depois das eleições alemãs, com os países emergentes que há um ano se prometiam como o paraíso, quais os perigos no horizonte, como Egito e Síria, as incertezas geopolíticas que podem ameaçar a recuperação?», questionou.
Ao nível europeu, o ministro espanhol recordou os avanços dados nos últimos anos como os passos para a união bancária, para combater «a distorção» nos regimes fiscais europeus e para lidar com as dívidas soberanas.
Além de aspetos como a emissão de títulos europeus, García-Margallo defendeu alterações à forma como algumas decisões são tomadas na UE, nomeadamente para garantir a estabilidade económica.
«É importante que o mecanismo de estabilidade mude as regras de funcionamento para facilitar decisões ao ritmo que marcam os mercados, muito mais rápidas do que o ritmo burocrático, podendo acorrer aos mercados para responder ao ataque que sofremos», considerou.
Noutro aspeto, García-Margallo defendeu para Espanha «um papel ativo» tanto nas negociações de um novo convénio da UE com os Estados Unidos, contribuindo também para «desbloquear» as negociações com o Mercosul e ou com alguns países que integram o bloco sul-americano.
García-Margallo sustentou também um novo esforço para fortalecer a imagem de Espanha no exterior, o que requer «estabilidade na ação exterior», que sairá fortalecida com o novo marco normativo a ser aprovado em breve.
«A rede exterior deve servir as empresas espanholas. A diplomacia económica e o apoio às nossas empresas é a estrela polar do nosso Ministério. Os embaixadores têm que representar Espanha e os seus cidadãos mas também abrir portas às nossas empresas. Isso exigirá uma mudança na sua formação», disse.
«Terão que detetar oportunidades de negócio e encontrar formas de fortalecer a nossa atuação económica nos países», considerou.