O Fundo Monetário Internacional afasta para já o cenário de recessão global mas o economista chefe do FMI não esconde que as tarifas de Trump vão criar tensões com grande impacto no comércio global
Corpo do artigo
Na apresentação aos jornalistas do relatório da primavera das “Perspectivas da Economia Mundial” o FMI defende que o cenário mudou desde a última previsão do FMI.
O Economista chefe e diretor do departamento de pesquisa do Fundo Monetário Internacional, Pierre-Olivier Gourinchas, reconhece que “estamos a entrar numa nova era, uma vez que o sistema económico global que tem funcionado nos últimos 80 anos está a ser redefinido”.
As taxas e tarifas estabelecidas pelos Estados Unidos ultrapassam os níveis atingidos há mais de 100 anos. “Para além do aumento abrupto dos direitos aduaneiros, o aumento da incerteza política é um dos principais motores das perspectivas económicas. O aumento sustentado das tensões comerciais e da incerteza abrandará significativamente o crescimento global”, afirma Gourinchas.
O Fundo não esconde que “estas tensões comerciais terão um grande impacto no comércio mundial. Prevemos que o crescimento do comércio mundial seja reduzido para mais de metade, passando de 3,8% no ano passado para 1,7% este ano”, sustenta.
As tarifas terão efeitos diferentes nos vários países. O economista chefe do FMI revela que “para os Estados Unidos, as tarifas representam um choque de oferta que reduz a produtividade e a produção de forma permanente e aumenta temporariamente as pressões sobre os preços”.
Para Gourinchas “todos os países são afectados negativamente pelo aumento da incerteza em matéria de política comercial, uma vez que as empresas reduzem as compras e o investimento e as instituições financeiras reavaliam a exposição dos seus mutuários. A incerteza também aumenta devido às complexas perturbações sectoriais que as tarifas podem causar nas cadeias de abastecimento, como vimos durante a pandemia”.
Mas o FMI ainda não fala em recessão mas “o risco de que tal possa acontecer este ano aumentou substancialmente, passando de 17% projectados em outubro para 30% atualmente”.
Para concluir, o FMI adianta que “a economia global precisa de um ambiente comercial claro, estável e previsível, que resolva algumas das lacunas de longa data nas regras do comércio internacional”