Eduardo Catroga e Medina Carreira dizem que Portugal não vai cumprir meta estabelecida com a troika
Os antigos ministros das Finanças consideram que a troika vai reconhecer que é preciso aliviar as exigências para este ano em matéria de défice porque, acrescentam, é já evidente que não há como cumprir a meta estabelecida no memorando de entendimento.
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Em função dos números da execução orçamental até maio, quase metade do ano, Medina Carreira acredita que não haverá volta a dar: a realidade vai forçar a troika a dar mais margem a Portugal.
«No fundo isto vai chegar a um ponto que é este: nós não somos capazes de cumprir, isso deve-se a circunstâncias que não são imputadas ao Estado português e, portanto, virá um complemento de auxilio, com certeza. É deixar andar, depois em vez de serem 4,5 são 4,8, eles aceitam e depois ajudam-nos», referiu Medina Carreira.
Outro antigo ministro das Finanças, Eduardo Catroga também acredita que é a troika que de mote próprio vai propor uma reavaliação das termos do resgate. Catroga remete as causas deste efeito para a herança do último governo socialista.
«A troika deu como boa a estimativa de 2011, apresentada pelo governo socialista de Sócrates, deu como boa a estimativa do défice público de 5,9 por cento sem receitas extraordinárias. Veio-se a verificar que este pressuposto não estava correto. Isto tem naturalmente reflexos no ritmo de execução do objetivo para 2012», sublinhou.
«O Governo está a fazer aquilo que é possível fazer, os portugueses não aguentam mais medidas de agravamento de sacrifícios e, portanto temos que executar aquilo com que nos comprometemos e a troika no momento oportuno, lá para setembro, tem que fazer uma reavaliação dos seus próprios pressupostos», acrescentou Eduardo Catroga.
A TSF ouviu também Paulo Trigo Pereira, economista e professor do ISEG, dar por adquirido que Portugal não vai conseguir cumprir a meta do défice de 4,5 por cento.