O Banco de Portugal (BdP) revelou hoje que o crédito malparado na construção atingiu o valor mais alto desde 1997, facto que não surpreende a Associação das Empresas de Construção e Obras Públicas (AECOPS), que considera que estes dados resultam da crise que o sector enfrenta e da ausência de medidas do Governo.
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De acordo com os dados do Banco de Portugal o crédito malparado na construção atingiu os 13,4 por cento do total dos empréstimos concedidos pela banca ao sector, ou seja o valor mais elevado desde 1997.
O presidente da Associação das Empresas de Construção e Obras Públicas, Ricardo Pedrosa Gomes, já adivinha que o recorde não tardará a ser ultrapassado.
«Quando as dívidas que o Estado tem às empresas não são pagas, cerca de 1400 milhões de euros na totalidade, quando não existe trabalho novo que pudesse repor a carteira de encomendas, as empresas acabam e os créditos que têm para com a Banca tornam-se incumprimentos. É o correlário normal e um recorde que, seguramente da próxima vez que houver um boletim do Banco de Portugal, será batido», comentou.
Ricardo Pedrosa Gomes acusa também o Governo de não só não pagar o que deve às empresas pelas empreitadas de obras públicas mas também de não tomar medidas que impulsionem a recuperação do sector.
«Há uma atitude digamos mais ou menos contemplativa de deixar cair este sector. Portanto, sendo um sector em que a exposição era grande, em que todas as medidas que poderiam atenuar os problemas não são tomadas, e ao mesmo tempo dependendo completamente de investimento e não havendo investimento, estão reunidas todas as condições para que seja nesta área que tenha maior impacto o incumprimento», considerou.
A Associação de Empresas de Construção e Obras Públicas não vê outra saída: o Estado tem de pagar as dívidas que tem junto do sector, caso contrario não haverá salvação.