Encerramento de fábricas de têxteis pode continuar nos próximos meses, mas "expectativa futura é de retoma"
Em declarações à TSF, Ricardo Silva, presidente da Associação Têxtil e Vestuário de Portugal, acredita que, em breve, o setor vai dar sinais de melhoria, mas, por agora, a situação pode agravar-se, com mais encerramentos
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A Associação Têxtil e Vestuário de Portugal prevê que o encerramento de fábricas continue nos próximos meses, mas está confiante na retoma do setor.
O Jornal de Notícias escreve, esta segunda-feira, que o encerramento de fábricas após as férias de verão, na última semana, já levou ao despedimento de quase mil trabalhadores. Em declarações à TSF, Ricardo Silva, presidente da Associação Têxtil e Vestuário de Portugal, acredita que, em breve, o setor vai dar sinais de melhoria, mas, por agora, a situação pode agravar-se, com mais encerramentos.
“Do ponto de vista de médio prazo, estamos otimistas com a retoma porque temos taxas de juro mais baixas do que antes, temos a inflação na Europa mais estabilizada, temos alguma estabilidade mais crescente nos mercados externos, portanto, a expectativa futura é de retoma. Os números de exportação do setor não estão tão maus quanto se esperava, portanto, acredita-se que estamos numa base para retomar”, explica à TSF Ricardo Silva, frisando, ainda assim, que nos próximos meses é preciso “mais cautela”, uma vez que “pode haver mais encerramentos”.
“É natural que possa acontecer fruto do Estado atual e dos últimos meses”, considera, adiantando que o setor está a sofrer as consequências de uma série de crises.
“Seja em Portugal, seja na Europa fora, os consumidores estão a comprar menos. A disponibilidade do fundo de maneio das famílias está mais reduzida nestes últimos meses. Tendo em conta a inflação e as taxas de juro mais altas, têm optado por comprar menos vestuário, calçado e outros bens de consumo desta natureza. Por isso, o setor está a passar por esta fase sazonal, não é fácil", lamenta.
Crises anteriores, como a crise energética e a Covid-19, ainda estão a ter impacto no setor, garante o presidente da Associação Têxtil e Vestuário de Portugal, que assinala que as empresas "tiveram de se endividar um pouco para conseguir completar os investimentos que tinham e traçar as suas rotas de crescimento".
"Esta conjuntura, acoplada a menor consumo, está a trazer dificuldades claras ao setor”, acrescenta.