A produção descentralizada de energia solar tem espaço para crescer em Portugal, “mas precisa de apoio e tem que ser mais do que auto-consumo”, defende a cooperativa Coopérnico
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A Coopérnico é a única cooperativa dedicada às energias renováveis existente em Portugal, com 2,5 megawatts (MW) de potência instalada em cerca de 40 locais do país. A instituição assume-se como uma empresa eléctrica de base local, assente no cidadão e que está a aproveitar o desenvolvimento do conceito de Comunidade de Energia Renovável.
A Ana Rita Antunes é coordenadora executiva da Coopérnico; ela explica que “uma comunidade de energia renovável é quando cidadãos, municípios, empresas se juntam para constituir uma Associação, Cooperativa, Fundação para trabalharem na área de energia, produzirem a sua própria energia localmente e partilharem entre eles. Isto é uma comunidade de energia renovável, sem este passo de constituir uma entidade jurídica própria só podemos chamar de autoconsumo coletivo”.
Para a Coopérnico, “o único modelo que existe em Portugal para a produção descentralizada neste momento é o autoconsumo e pode ser mais do que isso. Têm que haver novas ferramentas e novos modelos para que seja possível aumentar e rentabilizar a produção descentralizada nas nossas cidades”.
Assim, “há espaço para crescer na produção fotovoltaica descentralizada utilizando coberturas de edifícios, utilizando as áreas disponíveis nas nossas cidades e também nas zonas artificializadas, por exemplo, zonas industriais. Agora é preciso políticas públicas que ajudem e que apoiem a produção descentralizada”, remata Ana Rita Antunes.
Um dos apoios poderia passar pela isenção, como se faz em Espanha, da tarifa de acesso às redes, para o auto consumo coletivo no raio de 1 quilómetro.
Apoios que Ana Rita Antunes justifica com o facto da “produção descentralizada ter benefícios sociais, ambientais e também de gestão de rede e a produção descentralizada será um excelente complemento à produção centralizada. E quanto maior for a produção descentralizada, menor será a necessidade para a produção centralizada, que traz mais conflitos sociais e maiores impactos ambientais”.
Por outro lado, “a produção descentralizada também pode ser vista não só com a produção fotovoltaica, mas também, a produção eólica tem que fazer parte desta deste modelo de produção descentralizada e também as mini-hídricas, que já tivemos em Portugal, e foram abandonadas, também é um modelo de produção de energia renovável descentralizada para o qual devemos voltar a olhar”, conclui.