Especialista alerta para futuro do Novo Banco após administrador ser arguido por suspeitas de branqueamento
À TSF, o especialista em banca Fernando Cardoso explica que situações como a que envolve o admnistrador do Novo Banco responsável pela área de risco "descem o valor do banco”. O Novo Banco identificou operações suspeitas realizadas na esfera pessoal de Carlos Brandão e o admnistrador foi constituído arguido
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O caso do administrador do Novo Banco Carlos Brandão, destituído e constituído arguido por suspeitas de branqueamento, pode comprometer a operação para cotar o banco e alienar parte das ações. Em declarações à TSF, o especialista em banca Fernando Cardoso admite que o facto do caso ter sido identificado é um sinal de que o sistema funcionou, mas o dano reputacional está feito.
"No balanço entre o facto de se ter conseguido descobrir internamente a situação que, em tempos não muito longínquos, não eram conhecidas e o efeito que isto tem um pouco na opinião pública, continuo a pensar que, em termos reputacionais, a credibilidade do banco e dos sistemas que tem a volta não dão a confiança suficiente para que uma entidade investidora possa investir no banco”, começa por dizer Fernando Cardoso.
Esta falta de confiança não é boa para o objetivo do banco de avançar com a oferta pública inicial para a venda em bolsa, acrescenta, insistindo que “estas questões descem o valor do banco”.
O Conselho de Supervisão do Novo Banco aprovou esta terça-feira a destituição com justa causa de Carlos Brandão do cargo de membro do Conselho de Administração e responsável de Riscos, com efeitos imediatos, após operações financeiras suspeitas, segundo informação ao mercado.
O processo encontra-se em segredo de justiça.
Em relação às suspeitas que levaram à demissão de Carlos Brandão, o especialista, que conhece bem a área do risco, diz ter algumas desconfianças em relação ao tipo de operações que podem estar em causa. Para Fernando Cardoso, as operações suspeitas terão a ver com investimentos, carteiras de títulos ou questões cambiais. “As pessoas de risco normalmente têm conhecimentos acima do normal no que diz respeito à configuração das operações”, sublinha.
Apesar de considerar que depois do caso BES as regras ficaram mais apertadas, Fernando Cardoso defende que é preciso dar mais atenção ao branqueamento de capitais e deixar de ser “o sistema a andar atrás dos bandidos (...), muitos formados em economia e finanças”.
Carlos Brandão juntou-se ao Novo Banco como diretor coordenador do Departamento de Risco em julho de 2017 e, em agosto de 2022, foi nomeado como membro executivo do Conselho de Administração.
Foi também presidente executivo do Bankinter em Portugal e desempenhou funções no Banco Santander e no Barclays.