A esquerda parlamentar acusa o Governo de estar a esconder as medidas mais duras para depois das eleições.
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O PS acusou o Governo de se preparar para fazer cortes acrescidos nos setores da saúde, educação e segurança social e de continuar a esconder os cortes permanentes nos salários da função pública e nas pensões.
Esta posição foi transmitida por Eurico Brilhante Dias, membro do Secretariado Nacional do PS, depois de a ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, ter anunciado medidas de redução da despesa na ordem dos 1,4 mil milhões de euros, 0,8 por cento do Produto Interno Bruto (PIB), tendo em vista que Portugal cumpra em 2015 a meta do défice de 2,5 por cento.
Numa reação às decisões tomadas em Conselho de Ministros extraordinário, o dirigente socialista considerou que, «ao fim de três anos de uma estratégia falhada, o Governo prepara-se para fazer mais cortes na saúde, na educação e na segurança social».
Na mesma linha, o Bloco de Esquerda (BE) acusou o Governo de «retórica eleitoral», falando em «sucesso» quando «se comprometeu com mais 1.400 milhões de euros de austeridade» para 2015.
«O que temos aqui é o discurso de um Governo que adia para depois das eleições europeias as medidas de fundo, que vai tornar permanentes os cortes ditos temporários, e simultaneamente adiando o que vai fazer aos salários e pensões dos portugueses», disse a deputada do Bloco Cecília Honório, em declarações aos jornalistas no parlamento.
Já o PCP condenou hoje os «cortes adicionais» anunciados pelo Governo e o seu "«programa de terrorismo social», destacando as consequências críticas para o setor da Saúde perante a «racionalização» defendida pela ministra das Finanças.
«Todas estas medidas são cortes adicionais porque o Governo passou os últimos três anos a dizer que era a "troika' que obrigava e que só existiram durante o período de duração do pacto», disse João Oliveira, nos Passos Perdidos do Parlamento.
A deputada do CDS Cecília Meireles já respondeu às críticas da oposição: «Se há coisa que este Governo não pode ser acusado é manifestamente de eleitoralismo ou de tentar esconder aquilo que era a verdadeira situação».
O CDS considera também que as medidas anunciadas pelo governo mostram que é possível conciliar crescimento e consolidação orçamental.