Oito anos depois, o BPN continua a abrir buracos nas contas públicas. No Orçamento, o governo prevê emprestar perto de 570 milhões de euros às sociedades que herdaram os ativos tóxicos do banco nacionalizado em 2008.
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No Orçamento do Estado o governo não revela o objetivo do empréstimo, mas presume-se que a maior parte destes 570 milhões de euros sirva para reembolsar a Caixa Geral de Depósitos, que é a máquina que mantém vivas as três sociedades criadas para acolher os restos mortais do Banco Português de Negócios (BPN).
O valor, denunciado pelo Diário de Notícias, está em dois anexos do Orçamento e representa um aumento de quase 40% em relação ao dinheiro transferido em 2015. Como são empréstimos, o governo inscreve na receita os mesmos montantes que apresenta na despesa, e por isso, do ponto de vista técnico, eles não contam para o défice. E é isso que acontecerá se as sociedades devolverem ao Estado o dinheiro emprestado. O problema é que não se conhece a dimensão desses reembolsos, porque os vários executivos, incluindo o atual, não a divulgam.
No Orçamento, o governo estima ainda gastar outros 30 milhões noutras despesas de reprivatização do BPN.
As três sociedades (Parvalorem, Parups e Parparticipadas) foram criadas após a nacionalização do Banco Português de Negócios com o objetivo de vender os ativos problemáticos do banco.
Não se sabe ao certo quanto é que o BPN vai, no fecho de contas, custar aos contribuintes. O que é certo é que nesta altura existem 3,2 mil milhões de euros em garantias concedidas pelo Estado a duas dessas três sociedades, e esse valor pode, a qualquer momento, ser convertido em despesa e em défice.