O Estado tenta alongar os prazos de reembolso de parte da dívida que vence em 2014 e 2015. É uma preparação para o regresso aos mercados um alívio da pressão sobre a tesouraria
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A operação alivia a pressão sobre os cofres públicos, já que as entradas de dinheiro em 2014 dão à justa para cobrir as necessidades de financiamento do próximo ano, deixando pouca margem de manobra para lidar com imprevistos.
Sem contar com a receita dos impostos Portugal vai ter de arrecadar em 2014 mais de 25 mil milhões de euros de financiamento.
O detalhes das parcelas mostra que quase 14 mil milhões são por causa de duas amortizações de dívida, uma em Junho e outra em Outubro; 7,4 mil milhões servem para cobrir o défice de 4 % do PIB combinado com a troika; e 4,5 mil milhões para fazer face a outras despesas, como as do sector empresarial do estado, da recapitalização da caixa geral de depósitos, ou ainda do BPN.
O outro lado da equação, que determina o dinheiro que se prevê receber, mostra que o Estado começa o ano com 7000 milhões de euros em caixa, e vai receber, até Junho, 8 mil milhões da troika. O IGCP conta levantar nos mercados mais de 10 mil milhões.
Contas feitas, o país espera angariar em 2014 cerca de 25 mil milhões de euros - os mesmos 25 mil milhões que vai ter de desembolsar.
O que significa que se houver algum imprevisto, como uma dificuldade inesperada no regresso aos mercados ou um défice acima do estimado - o que pode acontecer devido aos riscos constitucionais do orçamento, já que o governo garante que não tem um plano B - Portugal entraria em grandes dificuldades: não teria dinheiro suficiente para cobrir as despesas do Estado, ficando dessa forma mais próximo do cenário do 2o resgate.
Por isso, o IGCP vai tentar trocar parte da dívida que vence no próximo ano por outra que termina mais tarde, mesmo pagando juros mais altos.
Quanto mais dívida for trocada, mais à vontade Portugal fica para cobrir uma eventual derrapagem no défice ou um atraso no regresso aos mercados.
Por exemplo, se o país conseguir nesta terça-feira trocar 2 mil milhões de euros de dívida, ou seja, mais de 1 % do PIB, aliviará a pressão sobre o financiamento do défice de 2014 no mesmo valor.