No espaço de comentário da TSF, "A Opinião", Carlos Carvalhas analisou o estudo da OCDE que aponta para um "elevador social estragado" em Portugal.
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Um relatório recente da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) indica que Portugal está entre os países desenvolvidos onde é mais difícil sair da pobreza ou, para quem está do outro lado, deixar de ser rico.
Segundo o estudo da OCDE, o "elevador social" não está a funcionar com a rapidez necessária. Em Portugal, as classes mais desfavoráveis podem levar cinco gerações a chegar à classe média - embora, salienta Carlos Carvalhas, na Alemanha ainda seja pior (são precisas 6 gerações).
"Cada classe reproduz a sua classe", como se a condição social fosse "transmitida num cromossoma", constata Carvalhas.
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No espaço de comentário semanal que ocupa na TSF, "A Opinião", o antigo secretário-geral do PCP contestou as soluções para o problema apresentadas pela OCDE, que passam pelo foco na "educação pré-escolar e qualificação de adultos".
"A educação e a formação são da máxima importância, mas, se não houver emprego, se economia estiver dominada pelo estrangeiro, (...) continuamos a acentuar as desigualdades sociais", refutou o economista. "Estamos a formar jovens para conduzir os tuk-tuks ou para a emigração".
Carlos Carvalhas considera também ser "chocante" a "leviandade" com que, neste sentido, são analisados os rankings das escolas. "Como se a escola não reproduzisse as elites!", comenta.
"Como se não estivessem nessas escolas os filhos dos mais afortunados, que não têm dificuldades em contratar explicadores e que, em casa, podem ter todos os apoios e meios necessários", argumentou Carvalhas. "Partem à frente dos outros, com elevada distância".