Os estivadores temem começar a ser substituídos a partir de segunda-feira por trabalhadores precários e mal pagos. Se isso acontecer, prometem uma greve contínua sem data para acabar.
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Oficialmente, a paralisação dos estivadores começou por estar marcada para durar 10 dias, com início no próximo sábado, mas entretanto já foi prolongada para 20 dias. O presidente do sindicato explica, no entanto, que o objetivo é parar todos os terminais por tempo indeterminado se, como esperam, na segunda-feira começarem a chegar trabalhadores precários.
António Mariano diz que esta greve é uma reação às empresas do Porto de Lisboa que declararam a caducidade do contrato coletivo de trabalho, sendo que "tudo indica que o objetivo é substituir dezenas de trabalhadores".
Os estivadores temem despedimentos coletivos e dizem ter fortes sinais de que a partir de segunda-feira vão começar a chegar trabalhadores precários. Prova disso, segundo afirma, são "os afastamentos de trabalhadores readmitidos nos últimos anos e a formação que está a ser dada a outros trabalhadores que irão ganhar 500 euros".
Se os receios dos estivadores se confirmarem a partir de segunda-feira, o sindicato promete semanas 'quentes' e parar os terminais de Lisboa por tempo "indeterminado". António Mariano sublinha, contudo, que não depende de nós: "Se as empresas não fizerem nada o Porto de Lisboa vai continuar a trabalhar normalmente. Caso contrário podem parar todos os terminais".
Operadores de Lisboa e empresários preocupados
As associações de operadores do Porto de Lisboa já vieram afirmar, em comunicado, que a greve inicialmente marcada para durar 10 dias iria colocar em risco a sustentabilidade das empresas e do emprego, podendo provocar falências.
À TSF, a Câmara de Comércio e Indústria Portuguesa (CCIP, antiga Associação Comercial de Lisboa) também diz estar preocupada com esta greve dos estivadores. O presidente não percebe as razões do protesto e diz que é um "prejuízo para o país", sobretudo quando "são trabalhadores extraordinariamente bem pagos".
Bruno Bobone vai mais longe e defende que estamos perante o "egoísmo de uns quantos que querem ser mais bem tratados do que a restante população, pelo que não faz sentido que os estivadores tenham condições especiais".
O representante dos empresários teme um bloqueio da economia e pede uma reação política, sublinhando que é preciso fazer da profissão de estivador "uma profissão normal, razoável e igual à de todos os portugueses".
Quanto à ameaça dos estivadores de fazerem uma greve por tempo indeterminado, Bruno Bobone responde dizendo que pode ser que assim "acabem e desapareçam" pois não faz sentido prejudicar a economia nacional "devido a interesses pessoais".