Estivadores pedem solidariedade contra precariedade. Autoeuropa fala em falta de alternativas
Protesto terá lugar a partir das 7h00, altura em que está prevista a chegada de um navio. Autoeuropa garante que a "única alternativa ao porto de Setúbal é o porto de Setúbal".
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Os estivadores eventuais do Porto de Setúbal apelaram, esta quarta-feira, à participação dos setubalenses no protesto contra a precariedade que terá lugar às 07h00 de quinta-feira junto ao terminal de embarque de automóveis do porto.
Segundo alguns estivadores do Porto de Setúbal, o protesto terá lugar a partir das 7h00, junto à entrada do terminal 'ro-ro', hora a que estará prevista a chegada de um navio para transporte de automóveis da Autoeuropa.
Um dos cerca de 90 trabalhadores eventuais que se recusam a comparecer ao trabalho, desde o passado dia 05 de novembro, disse à agência Lusa que os estivadores suspeitam de que a empresa de trabalho portuário Operestiva e demais entidades portuárias se preparam para os substituir por outros trabalhadores, já a partir de quinta-feira.
"Já percebemos que estão a preparar um forte dispositivo policial junto à entrada do terminal 'ro-ro', pelo que tudo indica que vamos ser substituídos por outros trabalhadores, que não sabemos ainda quem são", disse à agência Lusa um dos estivadores do Porto de Setúbal.
"Não queremos desacatos, não queremos violência, mas vamos estar à entrada do Porto de Setúbal, de forma pacífica, até porque queremos que todo o país perceba o que a ministra do Mar, Ana Paula Vitorino, e a presidente da APSS, Lídia Sequeira, estão a fazer e a forma como tratam estes trabalhadores precários, alguns dos quais estão nesta situação há mais de 20 anos", disse o trabalhador, reiterando o apelo à solidariedade dos setubalenses.
O Sindicato dos Estivadores a Atividade Logística (SEAL) já se solidarizou com o protesto dos estivadores contra o trabalho precário no Porto de Setúbal.
"Se todos os estivadores precários do Porto de Setúbal estão indisponíveis para trabalhar, conforme têm reiteradamente afirmado, somos obrigados a presumir que alguém estará mais interessado em contratar escravos alternativos do que em debater as razões do conflito e negociar as formas de o ultrapassar", refere o sindicato em resposta ao apelo dos estivadores eventuais publicado numa rede social.
Entretanto, em carta dirigida hoje à ANESUL- Associação dos Agentes de Navegação e Empresas Operadoras Portuárias e à AOP-Associação de Operadores Portuários, o SEAL também nega a acusação da empresa de trabalho portuário Operestiva, de alegada recusa do sindicato em continuar a negociação do CCT para Setúbal.
"Depois da última reunião realizada no passado dia 12 de Julho, nunca mais qualquer das partes envolvidas no processo negocial sugeriu datas para a realização de qualquer subsequente reunião, razão pela qual, face às mentiras difundidas, decidimos avançar ontem com o agendamento de três datas para retomarmos e, expectavelmente, concluirmos o referido processo negocial", refere as carta do sindicato a que a agência Lusa teve acesso.
"Como certamente reconhecem, as condições no Porto de Setúbal alteraram-se profundamente desde a data da nossa última reunião de negociações, como resultado, única e exclusivamente, da estratégia de terrorismo laboral encetada pela referida empresa e suas associadas, pelo que reiteramos a nossa disponibilidade para reunirmos nos dias 23, 29 e 30 do corrente mês de novembro, a partir das 10 horas, na sede da ANESUL, disponibilizada na resposta da ANESUL, e sem quaisquer condições de todas as partes", acrescenta a carta do SEAL dirigida à AOP e ANESUL.
Autoeuropa: "única alternativa ao porto de Setúbal é o porto de Setúbal"
A Autoeuropa revela que desde que começou a greve dos estivadores no porto de Setúbal já foram canceladas as entradas no porto de sete navios que transportariam automóveis da empresa.
Em comunicado, a empresa revela que amanha dará entrada uma embarcação que faz parte das escalas regulares de transporte de veículos para o porto de Emden, na Alemanha.
A Volkswagen - Autoeuropa reafirma ainda que a única alternativa ao porto de Setúbal é o porto de Setúbal garantindo que outras soluções não permitem o escoamento da totalidade da produção diária da empresa.
O grupo adianta também que tem estado em contacto com o governo e com o operador logístico responsável pela operação no porto sadino para que seja encontrada uma solução para o conflito laboral que se arrasta há duas semanas.