A indicação foi deixada pelo presidente do BCE, que deu a entender que uma possivel intervenção do banco central levanta objeções alemãs e que o assunto continuará em discussão.
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O Banco Central Europeu (BCE) poderá voltar a comprar títulos de dívida soberana europeia, mas essa medida ainda está sujeita a mais discussões internas, disse hoje o presidente da instituição.
«O conselho de governadores poderá aplicar mais medidas não convencionais para restaurar a transmissão de política monetária», afirmou Mario Draghi, que falou na conferência de imprensa que se seguiu à reunião do BCE em Frankfurt, mas não será para já.
Draghi reconheceu que o Bundesbank e o seu presidente, Jens Weidmann, «têm reservas relativamente à compra de obrigações». No entanto, acrescentou o banqueiro italiano, todos os membros do conselho de governadores «são unânimes na intenção de salvar o euro».
«Nas próximas semanas, os comités apropriados [do BCE] irão discutir as modalidades apropriadas para tais medidas», adiantou.
Dessa forma, continuou Draghi, o BCE irá posteriormente «tomar uma decisão final» sobre a possibilidade de intervir nos mercados de dívida, altura em que «serão contados os votos».
As declarações desta quinta-feira do presidente do BCE tiveram um efeito negativo imediato nos mercados, com as principais bolsas a cair e o Euro a desvalorizar face ao Dólar.
Recorde-se que, na semana passada, Draghi declarou a sua determinação de «fazer tudo» para controlar a crise financeira.
Estas declarações foram interpretadas como uma sugestão de que o BCE poderá adquirir obrigações de países como Espanha e Itália, cujos juros estão atualmente muito elevados.
Constâncio: voto contra compra de dívida «não foi meu»
Vítor Constâncio disse hoje que só houve uma voz a manifestar reservas perante a análise da possibilidade de o BCE comprar títulos de dívida europeia, e que não foi a sua.
Durante a conferência de imprensa do banco central, um jornalista alemão perguntou ao vice-presidente do BCE se está «cético» quanto à possibilidade de o BCE comprar obrigações de países europeus no mercado secundário, de forma a fazer descer as taxas de juro pagas por países como a Espanha ou a Itália.
«Não sei de onde veio esse rumor. Nunca falei do assunto fora das nossas reuniões [do conselho de governadores do BCE], e não o vou fazer agora», respondeu o antigo governador do Banco de Portugal, ao lado do presidente do BCE, Mario Draghi.
«Vou apenas notar que, como disse o presidente do BCE, esse ponto foi aprovado unanimemente, com uma única exceção, e não fui eu», acrescentou Constâncio.
Noticia atualizada às 15h37 com declarações de Vitor Constâncio.