
Carlos Santos Ferreira
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O presidente do Banco Comercial Português, Carlos Santos Ferreira, entende que as respostas da "eurolândia" à crise da dívida soberana têm sido um grande tiro no pé.
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Para Carlos Santos Ferreira difícil é escolher a pior das medidas europeias de combate à crise da dívida. A "eurolândia" limitou-se a ajudar a destruir aquilo que até agora era considerado um activo sem risco, as obrigações dos países da Zona Euro.
Uma prova, diz o presidente do BCP de incompetência multiplicada por 17.
«Poucas vezes na minha vida assisti a um festival de incompetência tão grande como aquele que foi dado pelos líderes europeus. Eu considerava que as decisões eram más e para mim a pior das decisões é ter-se transformado um activo livre de risco, a dívida soberana de um país da União, num activo com risco», criticou.
Um risco que já está a afectar, e muito, a Banca europeia. Em Portugal, como no resto da zona euro, as acções dos principais bancos estão a cair a pique, as do BCP estão a valer cada vez menos.
Mas isso não preocupa o presidente da instituição que afirmou que «a robusteza de uma banco não tem a ver com a cotação das acções».
As dificuldades dos bancos não se devem ao desempenho em bolsa e também não se resolvem com fusões. É má altura para isso.
«O mercado português não está a crescer, pelo contrário, e efectivamente, as sinergias traduzem-se em encerramentos de balcões e despedimentos», referiu Carlos Santos Ferreira.
Restam os aumentos de capital ou o recurso aos 12 mil milhões disponibilizados pela troika. E se o BCP tiver de recorrer a esse expediente, Santos Ferreira não perde o sono, até porque já trabalhou para o accionista Estado.