Falta de novo aeroporto e rapidez nos licenciamentos travam crescimento do turismo
Declarações de Gonçalo Rebelo de Almeida à TSF. Administrador do grupo hoteleiro Vila Galé, que cresceu 9% em 2024, considera difícil superar resultado do último ano devido aos atuais constrangimentos do sector
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Vai ser difícil superar o crescimento de 9% alcançado em 2024 pela Vila Galé, confessa Gonçalo Rebelo de Almeida, administrador deste grupo hoteleiro, em entrevista à TSF.
Para o gestor, a falta de um novo aeroporto, o estrangulamento com a atual infraestrutura aeroportuária em Lisboa, além da sazonalidade global, afetam o crescimento do turismo de forma global e a cadeia de 49 unidades hoteleiras não escapará em 2025 a esse tipo de constrangimentos.
Gonçalo Rebelo de Almeida pede à classe política estabilidade além dos ciclos eleitorais e maior rapidez a resolver a burocracia, apontando a falta de velocidade nos licenciamentos como pouco convidativa ao investimento no sector, sendo um entrave persistente no país.
Considera igualmente que a hotelaria não tem falta de mão de obra, mas antes falta de aposta das empresas na formação e requalificação de pessoal, numa atividade em que 31% são trabalhadores imigrados em Portugal e que enfrentam agora problemas de integração e legalização com “demoras desumanas”.
Com 45 unidades espalhadas por Portugal, Brasil e, agora, em Espanha e Cuba, o grupo cresceu 9% para um total de 290 milhões de euros, sendo que a fatia de 172 milhões de euros são receitas obtidas em Portugal e o restante oriundo das operações nos outros três países, com maior peso para o mercado brasileiro.
A Vila Galé estima abrir quatro novos hotéis este ano em Elvas, em Ponte de Lima, em Ouro Preto — no estado brasileiro de Minas Gerais — e entrar na Amazónia, em Belém do Pará, a pedido do governo local, para ajudar a hospedar os participantes da COP30, a cimeira do clima da ONU, marcada para novembro.
O grupo mantém ainda em estudo oportunidades na Península Ibérica, desde Madrid a Bilbau, depois da primeira incursão, no ano passado, em Isla Canela. Mas também tem interesse em Santa Catarina, no sul do Brasil, por onde vai andar em missão empresarial na próxima semana, e não exclui nova aposta em Cuba, confirmando estar em conversações para alargar a atividade em novas localizações, como Varadero e Havana, quando já explora uma unidade em Caio Paredón com 638 quartos.
