Ferreira Leite diz que as pessoas não devem «aceitar morrer antes de emagrecer» e sublinha que a redução do défice através da receita "acabou" e só poderá ser feita pelo corte na despesa.
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Vários antigos ministros das Finanças tiram conclusões sobre o Orçamento do Estado para o próximo ano. Manuela Ferreira Leite diz que não acredita que exista alguém com lucidez que possa pensar que a economia portuguesa vai melhorar através do aumento dos impostos.
Manuela Ferreira Leite considera por isso que se vai verificar desde já um agravamento na recessão e no desemprego, sem que as metas orçamentais sejam cumpridas.
Para a antiga líder do PSD este Orçamento do Estado é uma sentença de morte a pesar sobre a cabeça dos portugueses. Manuela Ferreira Leite considera que depois de termos engordado, é preciso emagrecer.
«Concordo que é preciso emagrecer, mas espero que as pessoas não aceitem morrer antes de emagrecer. Morrer gordo é do pior que há, especialmente depois de se fazer uma grande dieta», disse Manuela Ferreira Leite, um dia depois de ter sido entregue na Assembleia da República a proposta de Orçamento do Estado para 2013.
Manuela Ferreira Leite diz também que não acredita que o Governo consiga executar o orçamento e aconselha Pedro Passos Coelho a admitir esse facto o mais rápido possível.
A receita da "troika" não está a resultar, considera. A austeridade e o aumento de impostos já mostraram não ser capazes de resolver os problemas das finanças públicas e do desenvolvimento do país.
A uma maior carga fiscal corresponde, como está a acontecer neste ano, uma diminuição da receita para o Estado e por isso Manuela Ferreira Leite acredita que este orçamento não vai ter os resultados esperados.
Manuela Ferreira Leite fez estas declarações numa conferência organizada pela Antena 1 e pelo Jornal de Negócios na qual também participou Bagão Félix. Depois da metáfora do napalm fiscal o também antigo responsável pela pasta das Finanças encontrou outra forma de descrever os efeitos do aumento de impostos, a «septicémia económica».
Para Bagão Félix, por este caminho, o Estado qualquer dia ainda fica com a totalidade dos rendimentos das famílias e empresas.
Estas opiniões foram expressas num debate em que também participou Vítor Bento, que defendeu que o caminho não tem nesta altura alternativa à austeridade.
Vieira da Silva, o antigo ministro da Economia do Governo José Sócrates, disse que os erros do passado que agravaram as contas públicas foram «erros europeus e não nacionais».