No comentário semanal na TSF, a antiga ministra das Finanças reconhece injustiças, mas alerta para consequências muito negativas caso a medida avançasse.
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Manuela Ferreira Leite critica a proposta do Bloco de Esquerda de aumentar impostos no setor das energias renováveis e condena "a leviandade com que se utiliza o sistema fiscal para resolver questões, que por mais justas que sejam, não são nunca resolúveis através do lançamento de impostos."
A antiga ministra das Finanças alerta para o facto de as consequências negativas de um agravamento "podem tornar-se muito mais prejudiciais no futuro."
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No habitual comentário na TSF, Manuela Ferreira Leite lembra que os investimentos na área das renováveis são muito volumosos e a longo prazo, o que faz como que o retorno chegue ao fim de muito tempo e admite até o excesso de pagamentos aos investidores.
"Eu não duvido que muitos dos pressupostos feitos para o cálculo destas rendas [pagas aos investidores] tenham sido excessivos - o risco provavelmente não foi tão elevado, os resultados foram muito superiores para quem investiu", considera a economista, que reconhece que pode haver um excesso no pagamento dessas antecipações de rendimento que estão a ser pagos aos investidores, mas defende que a questão não se resolve com impostos, mas antes com a renegociação dos contratos.
Para Manuela Ferreira Leite, "é especialmente grave aumentar os impostos porque praticamente todos os investidores são estrangeiros", o que pode implica indemnizações milionárias e até retração do investimento no país.
A antiga ministra das Finanças mostra-se "perplexa" com o facto de a proposta do Bloco de Esquerda ter sido negociada em reuniões com membros do governo. "Então o governo não tinha consciência do desastre que estava a preparar para o futuro do país?", questiona.
O governo recuou no alargamento da taxa das energias às renováveis. Manuela Ferreira Leite considera que não havia outra solução, mas não percebe porque foi tão tarde.
Todas as segundas-feiras, depois das 9:00, Manuela Ferreira Leite comenta os assuntos económicos da atualidade.