A coluna de opinião Lex do Financial Times refere hoje que um olhar próximo revela que Portugal combina cada vez mais com alguns dos piores aspetos da Grécia e da Irlanda, e considera que o Governo português ficou tímido com a «pressão pública» da manifestação do 15 de setembro.
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Sob o título de "Falhando na manutenção do rumo", os comentadores do espaço de opinião do jornal britânico escrevem que a reação ao anúncio das alterações à Taxa Social Única (TSU) mostram «o quão polarizado Portugal se tornou enquanto a atenção tem estado sobre a Espanha».
«Estranhamente, os indicadores parecem sugerir que está tudo bem. Os juros nos títulos a 10, cinco e dois anos estão bem abaixo dos máximos de 2012. Mas um olhar mais próximo revela que o país combina, crescentemente, alguns dos piores aspetos da Grécia e da Irlanda - uma tendência para falhar metas acordadas com credores e um setor financeiro desgastado», indicam os autores do texto.
Os colunistas do Financial Times acrescentam, ainda, que a decisão de abandonar as mudanças anunciadas para a TSU, que incluíam uma redução de 23,75 para 18 por cento para as empresas e um aumento de 11 para 18 por cento para os trabalhadores, mostraram que o Governo ficou «tímido face à pressão pública».
O jornal recorda que o PSI20 teve um comportamento em um quinto abaixo dos restantes mercados europeus e que quase 70 por cento da sua capitalização de mercado se deve a quatro empresas.
«O resgate a Portugal sempre conteve Europa a mais e Fundo Monetário Internacional a menos. O fundo precisa de manter Lisboa em curso para evitar que se torne noutra Grécia», terminam os colunistas.
A coluna Lex do Financial Times foi criada em 1945 e autoclassifica-se como a «mais antiga e, indiscutivelmente, a coluna de negócios e financeira mais influente do seu género em todo o mundo».