Agência de rating anuncia em comunicado melhoria da perspetiva de "estável" para "positiva" mas não sobe a nota da dívida, que continua no nível considerado lixo.
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Ainda não foi desta que a Fitch retirou a dívida portuguesa do nível lixo, mas a agência considera que a perspetiva sobre a nota é agora "positiva" em vez de "estável".
A casa de notação financeira justifica a decisão com a redução acentuada do défice, levando ao fim do Procedimento por Défice Excessivo (PDE) formalizado nesta sexta-feira pela Comissão Europeia.
A Fitch destaca a redução da despesa e o crescimento mais forte verificado a partir de meados de 2016, que na opinião da agência deverá continuar, culminando num défice de 1,4% em 2018. A casa de notação financeira alerta no entanto para os riscos na prossecução desse objetivo: um eventual abrandamento do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) e custos decorrentes de injeções de capital no sector bancário.
A agência espera que o governo continue um caminho da política orçamental apertada com a ajuda de estabilidade política nos parceiros de apoio parlamentar mas avisa que a estrutura da gerigonça, expõe o executivo a pressão para relaxar nas medidas, em especial depois da saída do PDE.
A agência estima também uma continuação da tendência de redução do peso da dívida no PIB, de 130% em 2016 para 111% em 2026, mas não contabiliza nesta previsão eventuais impactos decorrentes na banca.
O aumento das exportações, da competitividade são também fatores positivos e que melhoram a balança comercial, devendo, calcula a agência, continuar a ajudar o crescimento e as contas públicas, ainda que o consumo interno esteja a subir.
A Fitch prevê um crescimento da economia portuguesa de 2% neste ano e de 1,6% no próximo, mas coloca um ponto de interrogação no sector financeiro, elegendo-o como um factor de incerteza na evolução do país, destacando o crédito mal parado no sector, que atinge 11,8% (um problema que vai demorar a resolver, escrevem os técnicos), embora não anteveja mais custos públicos com origem nas recapitalizações bancárias.
Portugal sai do lixo no Natal?
Antes de elevarem a nota da dívida de um pais, as agências de rating elevam a perspetiva. Se essa tendência se mantiver, a Fitch poderá tirar Portugal do lixo no dia 15 de dezembro, data prevista para que volte a pronunciar-se.
Para além da Fitch, o Banco Central Europeu lê os ratings de outras três agências na hora de comprar dívida: a Moody's, a Standard & Poor's (ambas têm Portugal no lixo com perspetiva estável) e a canadiana DBRS (a única que mantém a nota da dívida portuguesa acima do nível considerado investimento especulativo).