FMI alerta: aumentos das tarifas aduaneiras são risco para o mercado financeiro
A uma semana das reuniões da primavera, o Fundo Monetário Internacional (FMI) alerta para os riscos das tarifas aduaneiras no mercado de capitais
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O FMI publicou esta segunda-feira uma análise intitulada “Riscos geopoliticos: Implicações para os preços dos ativos e da estabilidade financeira”, um texto que ainda não reflecte a guerra comercial provocada pelas tarifas aduaneiras da administração Trump, nos Estados Unidos da América.
A análise do FMI mostra que os preços das ações reagiram negativamente aos anúncios de tarifas da China e dos EUA durante o período de 2018-2024, daí que as tarifas aduaneiras tenham impacto no aumento dos riscos geopolíticos, podendo ameaçar a estabilidade macrofinanceira. Ou seja, “o risco geopolítico pode manifestar-se sob a forma de tensões comerciais”, pode ler-se no relatório.
“Embora as medidas relacionadas com o comércio não estejam necessariamente associadas ao risco geopolítico, as tensões comerciais, como as tarifas, as guerras comerciais e as sanções, podem ser impostas por razões geopolíticas e ter impacto nas relações internacionais e na atividade económica”, alerta a instituição liderada por Kristalina Georgieva.
Por exemplo, as tensões comerciais entre os EUA e a China, que se aceleraram em 2018 (primeiro mandato de Donald Trump), refletiram-se num índice de risco geopolítico elevado para a China nessa altura.
Na altura, “os preços das ações nos Estados Unidos também parecem ter reagido aos anúncios de tarifas. Os preços das ações das empresas norte-americanas diminuíram 1,3%, em média, depois de o governo dos Estados Unidos ter anunciado as tarifas sobre a China”.
Segundo o FMI, estes “efeitos de arrastamento, possivelmente devido à antecipação de tarifas retaliatórias, à interligação das empresas através da exposição das receitas e das cadeias de abastecimento, ao potencial impacto na procura agregada ou a um aumento geral da incerteza e da aversão ao risco por parte dos investidores”.
O anúncio das tarifas de retaliação pela China, em 2019, também teve um impacto significativo nos preços das ações das empresas chinesas e norte-americanas.
“Além disso, após um anúncio de direitos aduaneiros por parte dos EUA, as rendibilidades das ações das empresas americanas com filiais na China e das empresas chinesas com uma filial nos EUA caíram, em média, mais 0,6 pontos percentuais do que as rendibilidades de empresas comparáveis sem essa presença de filiais”, adianta o FMI.
Mas é preciso sublinhar que este efeito em 2018 foi provocado por tarifas de 10% e hoje, em 2025, estamos perante tarifas de 145%.