Em relação ao crescimento económico, a instituição liderada por Christine Lagarde manteve as previsões para Portugal em 2016 e 2017, em linha com as estimativas de há duas semanas.
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No 'World Economic Outlook', publicado esta terça-feira, a previsão de maior destaque é a revisão em baixa da taxa de desemprego, com o FMI a melhorar as suas projeções, esperando que se reduza para os 11,2% este ano (abaixo dos 11,8% projetados em setembro) e para os 10,7% no próximo ano (abaixo dos 11,3% anteriormente estimados).
Em relação ao crescimento económico, o FMI manteve as projeções para Portugal, esperando um crescimento de 1% este ano, tal como nas estimativas apresentadas há duas semanas. Em relação ao último 'Outlook', de abril, há um corte de 0,4 pontos percentuais.
Para 2017, o FMI estima que o Produto Interno Bruto (PIB) de Portugal cresça 1,1%, em linha com as estimativas feitas em setembro e com um corte de 0,2 pontos percentuais em relação ao 'Outlook' de abril.
Estas projeções da instituição liderada por Christine Lagarde são também mais pessimistas do que as do Governo, que, aquando da apresentação do Orçamento do Estado para 2016 (OE2016), disse esperar que a economia crescesse 1,8% este ano.
No entanto, o primeiro-ministro, António Costa, admitiu na segunda-feira, em entrevista ao jornal Público, que o PIB poderá crescer apenas pouco acima de 1% este ano.
Para 2017, a previsão mais recente do Governo consta do Programa de Estabilidade 2016-2020, apresentado em abril, no qual antecipava que um crescimento de 1,8%, uma estimativa que está 0,7 pontos percentuais acima da do Fundo.
Para analisar estes números avançados pelo FMI, a TSF falou com João Cerejeira, economista e professor da Universidade do Minho. Ele sublinha que é preciso alguma frieza na análise destes valores do desemprego porque a revisão em baixa ainda que pareça uma excelente noticia pode não significar criação de emprego de qualidade, mas antes de emprego precário.
Entrevistado pelo jornalista Nuno Serra Fernandes, o professor lembra ainda que esta possibilidade pode, de facto, acontecer uma vez que as estatísticas, relativamente ao crescimento económico, ainda são frágeis.
FMI corta previsões de crescimento da economia mundial
A economia mundial deverá crescer 3,1% este ano, segundo as projeções do FMI, que antecipa uma aceleração do crescimento em 2017, para os 3,4%, uma revisão em baixa de 0,1 ponto percentual em cada ano.
No 'World Economic Outlook', o Fundo Monetário Internacional (FMI) corta as projeções de crescimento da economia mundial tanto para 2016 como para 2017, para os 3,1% este ano e os 3,4% no próximo, previsões que há seis meses eram de 3,2% e 3,5%, respetivamente.
Esta revisão em baixa reflete uma atividade económica mais fraca do que o esperado no segundo semestre deste ano nas economias desenvolvidas, bem como as implicações do referendo no Reino Unido, que determinou a saída do país da União Europeia.
O FMI espera que a recuperação "ganhe algum ritmo em 2017 e depois desse ano, devido essencialmente aos mercados emergentes e às economias em desenvolvimento, à medida que as condições nas economias com problemas se normalizem".
A instituição liderada por Christine Lagarde prevê que as economias emergentes e em desenvolvimento cresçam 4,2% este ano, "depois de cinco anos consecutivos de queda", e refere que este desempenho representa "três quartos do crescimento mundial previsto para 2016". Em 2017, estes países deverão acelerar o ritmo de crescimento para os 4,6%.
No entanto, o Fundo indica que, apesar da melhoria nas condições financeiras externas, as projeções para estas economias "são muito desiguais e em geral mais fracas do que no passado", o que se deve a um conjunto de fatores.
Entre os aspetos identificados estão "o abrandamento da China", "o ajustamento contínuo a mais baixas receitas das matérias-primas numa série de exportadores", "os efeitos de contágio relativos a uma procura reduzida por parte das economias desenvolvidas" e ainda "lutas internas, discórdia política e tensões geopolíticas numa série de países".
O conjunto das economias desenvolvidas deverá crescer 1,6% este ano e 1,8% no próximo, um desempenho que se deve aos "legados da crise financeira global" - como a dívida elevada e o baixo investimento - e ao "fraco crescimento da produtividade".
O desempenho económico dos países desenvolvidos projetado para 2017 deve-se sobretudo "ao reforço da recuperação dos Estados Unidos e do Canadá e à recuperação do Japão devido ao recente estímulo orçamental", uma vez que se espera um crescimento baixo na zona euro e no Reino Unido.
O FMI prevê que os Estados Unidos cresçam 1,6% este ano e 2,2% no próximo, que o Canadá cresça 1,2% em 2016 e 1,9% em 2017, que o Japão cresça 0,5% e 0,6% em 2016 e em 2017, respetivamente, e que o Reino Unido progrida 1,8% em 2016 desacelerando o ritmo de crescimento para os 1,1% no próximo ano.
A zona euro, por seu lado, deverá crescer 1,7% este ano e abrandar para os 1,5% em 2017.
Quanto às projeções de médio prazo, o FMI prevê que a economia global cresça 3,8% em 2021, uma recuperação que "será suportada inteiramente pelos mercados emergentes e pelas economias desenvolvidas" e que também reflete o aumento do peso de grandes economias emergentes no total da economia, como é o caso da China e da Índia, que "estão a crescer muito acima da média mundial".
A China deverá crescer 6,6% este ano e 6,2% no próximo e a Índia deverá apresentar taxas de crescimento económico de 7,6% em cada ano, segundo os números hoje atualizados pelo Fundo.
O FMI considera que os riscos que tinham sido sinalizados em edições anteriores deste relatório semestral "tornaram-se mais pronunciados nos meses recentes", incluindo os que estavam relacionados com "discórdias políticas" ou com a "estagnação secular nas economias desenvolvidas".
Outros riscos, como "o aumento da turbulência financeira e das retiradas de capital nas economias emergentes" parecem ser agora "menos prementes", mas "ainda persistem", escreve o Fundo, sublinhando que, "no geral, os riscos negativos continuam a dominar" estas projeções.
FMI melhora projeção de crescimento da zona euro para 1,7% este ano
O Fundo Monetário Internacional (FMI) melhorou a projeção de crescimento da zona euro este ano, para os 1,7%, mas piorou ligeiramente a estimativa para o próximo, para os 1,5%.
No 'World Economic Outlook' e que inclui a atualização das projeções de crescimento das várias economias do mundo, o FMI estima que o Produto Interno Bruto (PIB) da zona euro cresça 1,7% este ano, contra uma projeção de 1,5% realizada em abril.
Para 2017, o FMI antecipa uma desaceleração do crescimento dos países que partilham a moeda única europeia, para os 1,5%, uma projeção que em abril era de 1,6%.
O Fundo afirma que, após um crescimento de 2% em 2015, a atividade económica da zona euro nos próximos dois anos vai ser apoiada pelos preços baixos do petróleo, pela "modesta expansão orçamental em 2016" e pela política monetária acomodatícia.
Mas alerta que o crescimento das economias do euro vai ser penalizado por uma "fraca confiança dos investidores tendo em conta a incerteza que se seguiu ao 'Brexit'".
Considerando individualmente as maiores economias do euro, o FMI espera que a Alemanha cresça 1,7% este ano e 1,4% no próximo, que França cresça 1,3% em 2016 e em 2107, que a economia espanhola desacelere o ritmo de crescimento dos 3,1% este ano para os 2,2% no próximo e que a economia italiana cresça 0,8% e 0,9% em 2016 e em 2017, respetivamente.
A estimativa para a taxa de desemprego da zona euro como um todo foi agora ligeiramente melhorada tanto para 2016 (esperando que atinja os 10% da população ativa, abaixo dos 10,3% anteriormente projetados), como para 2017 (antecipando que caia para os 9,7%, contra os 9,9% estimados antes).
Quanto à inflação, a instituição liderada por Christine Lagarde deixou praticamente inalteradas as suas estimativas, apontando para 0,3% este ano e 1,1% no próximo. No entanto, o FMI antecipa que a inflação permaneça abaixo do objetivo de médio prazo definido pelo Banco Central Europeu (BCE) até 2021, que é de uma taxa abaixo mas próxima de 2%.
As contas externas da zona euro deverão corresponder a 0,3% do PIB este ano, melhorando para os 1,1% do PIB no próximo, de acordo com a projeção do Fundo.
O crescimento potencial de médio prazo da zona euro é de 1,4%, segundo os cálculos do FMI.
A recomendação do Fundo é que o BCE mantenha a política monetária acomodatícia, referindo que "pode ser necessário um alívio adicional através das compras de ativos" se a inflação não subir.
O FMI defende que a política orçamental "deve ser usada para apoiar a recuperação no curto prazo, através do financiamento de investimento e outras prioridades nos países com margem" para tal e que os países com altos níveis de endividamento "devem realizar uma consolidação orçamental gradual".