Num comunicado divulgado, esta noite, o homem do FMI para Portugal esclarece que os erros de cálculo da instituição sobre a austeridade não se refletem no caso concreto deste país.
Corpo do artigo
Os multiplicadores são variáveis matemáticas que tentam estimar o impacto da austeridade na evolução económica. Para poder desenhar um programa de ajuste, ou qualquer pacote de austeridade ainda que não haja um resgate como em Portugal, é preciso ter uma noção do efeito das medidas de austeridade na evolução da economia.
Se aumentamos os impostos ou cortamos muito nas despesas, o Produto Interno Bruto (PIB) vai ressentir-se ligeiramente durante pouco tempo? Ou cair muito, aumentando o desemprego, provocando falências, etc? É preciso um equilíbrio entre a austeridade e a evolução económica e é para isso que servem estes multiplicadores.
Até agora, os governos em geral e as entidades internacionais consideram que este multiplicador é de 0,5. Significa isto que por cada euro de austeridade ,o PIB cai 50 cêntimos.
Ora, o que o FMI veio dizer, esta noite, no relatório publicado na semana passada é que afinal este valor é otimista e que os multiplicadores reais andam na casa dos 0,9 até 1,7, ou seja, por cada euro de austeridade, o PIB cai entre os 90 cêntimos a 1,70 euros. Se fizermos a média chegamos a 1,30 euros, que é quase o triplo dos tais 50 cêntimos.
Em Portugal de imediato se levantou a dúvida: será que no caso português há previsões erradas por causa deste desvio?
O que o FMI vem dizer esta noite dizer é que «não» porque as previsões para a economia portuguesa no próximo ano - uma queda de 1% - já incluem multiplicadores mais elevados.
Por outro lado, o fundo admite que o erro no cálculo destas variáveis foi um dos fatores que levaram à revisão das metas do défice deste ano e do próximo.
Ainda assim, o FMI admite que este tema vai ser discutido na reunião da próxima semana do conselho de administração na qual vai deliberar sobre a quinta avaliação do programa.