O FMI avisa que apesar de entre 2009 e 2013 as famílias portuguesas terem reduzido o endividamento em quase 8%, a dívida continua alta. Redução nas empresas foi de 1,3%. No Estado foi zero.
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O Fundo Monetário Internacional conclui que nos últimos cinco anos (entre 2009 e 2013), as famílias portuguesas reduziram o nível de dívida bruta em 7,7% do Produto Interno Bruto (PIB) - uma quebra de aproximadamente 12,7 mil milhões de euros, ou o equivalente a perto de 7 milhões de euros por dia.
A desalavancagem foi muito menos intensa no sector empresarial (quebra de 1,3%) e menos ainda no Estado, que não conseguiu qualquer diminuição (o que seria de esperar já que pediu emprestados à troika 78 mil milhões de euros).
Na banca a desalavancagem foi mais expressiva: ultrapassou, neste período, os 24% do PIB.
Ainda assim o Fundo Monetário Internacional avisa, no Relatório de Estabilidade Financeira Global, que esta redução da dívida dos particulares não foi suficiente para evitar que o endividamento continue alta em Portugal, onde atinge o equivalente a quase um PIB. Neste reparo Portugal não fica sozinho: ele extende-se também à Irlanda e ao Reino Unido.
Crédito mais fácil
Quanto aos empréstimos às empresas, uma condição essencial para o desenvolvimento económico, os técnicos do FMI consideram que os bancos começam agora, ainda que de forma lenta, a facilitar as condições de acesso ao crédito. Durante o pico da crise, e por causa de vários fatores, incluindo as exigências de capital à banca, as instituições financeiras fecharam a torneira dos empréstimos.
O FMI sublinha, no entanto, que o sistema bancário ainda está muito pressionado por créditos que não correram bem: os dados mais recentes, de 2012, mostram que nessa altura, 30 a 40% de todo o crédito a empresas portuguesas estava nas mãos de companhias com dificuldades financeiras.