A sugestão é dos técnicos do Fundo Monetário Internacional que esta semana concluíram a avaliação anual à economia portuguesa. O FMI diz que este é o momento para o país regressar às reformas estruturais porque há fatores externos favoráveis como o preço do petróleo ou a cotação do euro.
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Nesta declaração, o FMI recomenda novas medidas na esfera laboral principalmente ao nível dos empresários. Os técnicos do FMI preveem ainda que o défice orçamental de Portugal seja de 3,2% do PIB em 2015, o que representa uma melhoria face à previsão apresentada em novembro pelo Fundo, de 3,4%, mas que continua acima da meta do Governo, que se situa nos 2,7%.
O FMI avisa que os patrões portugueses precisam de melhorar as competências de gestão nas empresas. Entende o fundo que a produtividade dos trabalhadores nomeadamente a dos menos qualificados depende também das habilitações de quem gere.
O diagnóstico feito numa análise aos desafios que o país tem pela frente a médio e a longo prazo recomenda, por isso, uma aposta na requalificação dos empresários portugueses.
Quanto ao processo de ajustamento económico, o Fundo Monetário Internacional volta a referir a necessidade de se manter o espírito reformista e avisa que este é o momento para implementar reformas estruturais porque há uma janela de oportunidade proporcionada por uma taxa de câmbio mais favorável do euro, pelas decisões do Banco Central Europeu (BCE) e pela descida dos preços do petróleo.
Tais reformas, sublinha o FMI, são necessárias para a criação de postos de trabalho e para o aumento da competitividade das empresas. Por outro lado, é preciso concluir as reformas já iniciadas, principalmente na redução dos custos com a energia, dos custos dos portos e dos serviços profissionais.
O FMI insiste ainda nos avisos sobre o endividamento empresarial porque, do ponto de vista dos técnicos de Washington, o excesso de endividamento das empresas ainda é um serio entrave ao investimento privado.
O FMI divulgou hoje as conclusões preliminares da missão técnica no âmbito das consultas regulares ao abrigo do Artigo IV, as quais «não representam necessariamente as opiniões do Conselho de Administração do FMI». Os técnicos do Fundo vão redigir um relatório que será depois submetido à aprovação do board da instituição, o que deverá ocorrer na primeira semana de maio.
Ontem, a ministra das Finanças dizia numa conferência em Lisboa que reformar não é um processo estanque. Para Maria Luís Albuquerque, reformar é também dar tempo para avaliar os efeitos dessas medidas na economia.