Portugal tem um ministro das Finanças «muito impressionante». As palavras são do chefe da missão do FMI para Portugal que reconhece o esforço tremendo a que os portugueses têm sido sujeitos.
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Em entrevista exclusiva ao Dinheiro Vivo, e hoje publicada no DN e no JN, Abebe Selassie afirma que não gostava de ver mais aumentos de impostos, defende a revisão do código do IRC e quanto à refundação do Estado acredita que a Constituição nunca será um obstáculo.
Aumentar o IVA e o IRC para fazer crescer a receita é fácil, mas não o caminho mais útil. É a opinião do chefe da missão do FMI em Portugal. Para Abebe Selassie o programa de ajustamento português está no bom caminho e garante que agora o foco está no corte da despesa.
Para aumentar a competitividade da economia portuguesa, Selassie defende alterações no código do IRC - que classifica como demasiado complexo, prometendo trabalhar nesta matéria nas próximas semanas. Ao mesmo tempo espera que o Governo avance com a redução nas indemnizações por despedimento.
Quanto à renegociação da dívida portuguesa, o representante do FMI não vê razões para qualquer reestruturação. Já quanto à refundação do Estado Social, Abebe Selassie defende um debate nacional sobre o tema e avisa que o país não pode ter desequilíbrios como no passado.
Sem querer assumir um opinião publicamente, este responsável admite que existe margem para tornar a despesa pública mais eficiente, dando como exemplo o sistema de pensões, que considera ser generoso em Portugal.
Selassie acredita, ainda, que o corte de 4 mil milhões na despesa do Estado não vai comprometer a universalidade das funções do Estado, nem a Constituição será um obstáculo.
Questionado sobre o pouco envolvimento do PS neste debate, o chefe da missão de FMI responde que não é essa a perceção que tem. Sobre a reação dos portugueses a tanta austeridade, Selassie reconhece que os sacrifícios são tremendos e elogia o diálogo social. Mas no final, o maior elogio vai para Vítor Gaspar. Abebe Selassie considera que Portugal tem um ministro das Finanças «muito impressionante. E mais não posso dizer» remata.