O FMI considera que as perspetivas externas e o desemprego dificultam o cumprimento do programa português, sublinhando por isso que «são precisos esforços adicionais» para consolidar as contas e impulsionar o crescimento.
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O comité executivo do Fundo Monetário Internacional (FMI) concluiu esta quarta-feira o processo da quinta revisão do memorando de entendimento com Portugal, aprovando o pagamento de mais uma tranche de 1500 milhões de euros em empréstimos.
«As fracas perspetivas externas e o aumento do desemprego aumentaram os riscos ao cumprimento dos objetivos do programa. São necessários esforços adicionais, com o apoio dos parceiros da zona euro, para fazer avançar a consolidação orçamental e impulsionar o crescimento de longo prazo», afirmou Nemat Shafik, diretor do FMI, citado num comunicado da organização sobre Portugal divulgado na noite de quarta-feira.
O responsável do Fundo alertou ainda para o nível da dívida, que se prevê que atinja os 124% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2014, o que significa - explicou - que «diminuiu a margem de manobra» das autoridades portuguesas.
Para Shafik, a revisão prevista das despesas «iria ajudar a reequilibrar o esforço de ajustamento, que se baseia atualmente sobretudo em medidas do lado da receita».
Reconhecendo que têm sido alcançados «progressos significativos» na gestão das contas públicas, o FMI entende que «são precisos esforços adicionais» também no que se refere à «aplicação das regras da despesa, à fiscalização fiscal, à manutenção das apertadas restrições orçamentais das empresas públicas e à redução dos custos das parcerias público-privadas (PPP)».
Quanto à competitividade da economia portuguesa, Nemat Shafit admite que houve evoluções positivas em matéria de reformas estruturais (trabalho, habitação, tribunais), mas adverte para o facto de «estas reformas poderem demorar até darem frutos», pelo que «devem ser consideradas alternativas para aumentar a competitividade do setor não transacionável».
Segundo um comunicado do FMI, o total dos empréstimos feitos pelo Fundo a Portugal já atingiu 21.800 milhões de euros, de um total previsto de 28.200 milhões.
O montante total do pacote de assistência financeira da troika (que também inclui a Comissão Europeia e o Banco Central Europeu) ascende a 78 mil milhões de euros.