Em janeiro, o Fundo antecipou que o Produto Interno Bruto (PIB) da zona euro deveria crescer 1,7%.
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O FMI espera que a economia da zona euro cresça apenas 1,5% este ano, uma projeção que era ligeiramente superior há apenas três meses, continuando a referir-se a uma "modesta recuperação".
No 'World Economic Outlook', divulgado esta terça-feira, o Fundo Monetário Internacional (FMI) atualiza as projeções económicas até 2021, depois de em janeiro ter apresentado previsões apenas para as maiores economias do mundo e para as grandes regiões.
"A modesta recuperação da zona euro deve continuar em 2016 e 2017, com o enfraquecimento da procura externa a ser compensado pelos efeitos favoráveis dos baixos preços da energia, pela expansão orçamental modesta e pelas condições financeiras favoráveis", escreve a instituição liderada por Christine Lagarde.
Em janeiro, o Fundo antecipou que o Produto Interno Bruto (PIB) da zona euro deveria crescer 1,7% tanto este ano como no próximo, projeções que foram agora revistas em baixa, para os 1,5% em 2016 e para os 1,6% em 2017. No médio prazo, o crescimento económico da zona euro deverá permanecer em torno dos 1,5%.
O FMI espera que o crescimento potencial "continue fraco", devido ao "legado da crise", nomeadamente à "elevada dívida privada e pública, ao baixo investimento e à erosão de competências devido ao elevado desemprego de longo prazo", mas também devido aos "efeitos do envelhecimento e ao baixo crescimento da produtividade".
O crescimento económico deverá "aumentar modestamente" na Alemanha (1,6% em 2017), em França (1,1% em 2016 e 1,3% em 2017) e na Itália (1% em 2016 e 1,1% em 2017), mas "deverá abrandar" em Espanha (dos 2,6% projetados para este ano para os 2,3% previstos para o próximo), ainda que o crescimento económico espanhol "continue acima da média da zona euro".
O FMI prevê que a taxa de desemprego das economias do euro caia dos 10,9% registados em 2015 para os 10,3% este ano e que só em 2017 fique ligeiramente abaixo dos dois dígitos, nos 9,9% da população ativa.
Quanto à inflação, o Fundo espera que chegue ao final deste ano nos 0,4% e que aumente para os 1,1% em 2017, tendo em conta o apoio da política monetária do Banco Central Europeu (BCE), mas alerta que a inflação deverá "subir apenas muito gradualmente no médio prazo".
Relativamente às trocas comerciais, o FMI antecipa que as contas externas da zona euro atinjam os 3,5% do PIB este ano e que recuem para os 3,2% no próximo ano.
O Fundo diz ainda que a zona euro enfrenta riscos específicos que podem comprometer o cenário central, nomeadamente "a persistência de uma baixa inflação e a sua interação com o peso da dívida".
Além disso, o FMI aponta como riscos à zona euro e à generalidade das economias desenvolvidas "o perigo de uma estagnação secular" e um crescimento potencial mais baixo do que o esperado, que se tornou agora "mais tangível".
Quanto às recomendações de políticas a adotar nas economias do euro, o FMI defende que "baixar os desincentivos ao emprego - incluindo a carga fiscal sobre o trabalho - e adotar políticas ativas de emprego bem direcionadas vai ser importante para minimizar os efeitos do desemprego de longo prazo".
O FMI reitera que a política monetária do BCE deve manter-se acomodatícia, tendo em conta que a inflação continua baixa e que o crescimento continua modesto.
A nível orçamental, o FMI entende que "os países que têm espaço orçamental ao abrigo do Pacto de Estabilidade e Crescimento devem fazer mais para apoiar a procura", nomeadamente "expandir o investimento público".
Quanto às despesas necessárias para absorver a entrada e a integração de refugiados, o FMI defende que estas "devem ser consideradas caso a caso quando forem avaliados os esforços orçamentais para cumprir as metas do Pacto de Estabilidade e Crescimento".