O FMI avisa que o país tem de fazer um debate público sobre a melhor forma de repartir o esforço que ainda resta fazer para cumprir os objetivos do programa de ajustamento.
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O Fundo Monetário Internacional considera, numa nota publicada na quarta-feira por volta das 23h30, que os objetivos fiscais permanecem adequados desde que a economia evolua como previsto.
O FMI sublinha, no entanto, que é necessário um debate público sobre a melhor forma de repartir o esforço que ainda falta fazer. Dado que a carga fiscal já é elevada, escreve o FMI, o país tem de olhar para a despesa para reequilibrar o ajustamento.
No início do programa da troika o objetivo era pôr as contas do país em ordem através da fórmula um terço no lado da receita e dois terços no lado da despesa, uma equação que está neste momento invertida.
A organização liderada por Christine Lagarde escreve ainda que se o país alargar a base fiscal poderá criar espaço para baixar os impostos, em particular o IRC, para incentivar o investimento e a competitividade.
Os economistas de Washington também fazem elogios. Dizem que o esforço reformista do Governo é impressionante e consideram que foram feitos progressos consideráveis no ajustamento, incluindo a nível fiscal, e que a descida das taxas de juro da dívida soberana joga a favor do objetivo de regressar aos mercados.
Ainda assim, o FMI deixa um aviso: a perspetiva de curto prazo é incerta e há ainda desafios económicos de dimensão considerável no médio prazo e por isso, diz o FMI, o Governo tem de continuar a criar condições para a melhoria da competitividade do setor exportador e para o crescimento de longo prazo.
O FMI elogia o currículo das autoridades portuguesas no que diz respeito à preservação da estabilidade financeira e escreve que os progressos na legislação laboral e na justiça é encorajadora, mas alerta que o Governo tem de continuar, de forma vigorosa, a implementar reformas estruturais para melhorar a competitividade, crescimento e emprego.
Nesta nota enviada à comunicação social, o FMI admite que o sucesso do programa depende também de fatores externos... com destaque para as políticas europeias.