Fundo Monetário Internacional conclui que tecnologia e globalização são os grandes responsáveis pela diminuição do peso do trabalho no rendimento. Peso do capital cresce.
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O fenómeno é observado desde meados dos anos 80: o peso dos rendimentos do trabalho nos rendimentos globais está em queda - chegou a ser de 55 % nas economias avançadas nos anos 70 - e está agora nos 40%.
O Fundo Monetário Internacional analisou os dados e observou as tendências e concluiu que o peso do rendimento do trabalho no total cai quando os aumentos salariais são inferiores ao aumento da produtividade. Isto significa que uma parte dos ganhos de produtividade vai para o capital que costuma estar concentrado nas camadas superiores da distribuição de rendimento, aumentando assim a desigualdade de rendimento.
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O FMI aponta dois grandes responsáveis pelo fenómeno, pelo menos nas economias desenvolvidas: a tecnologia - com a consequente eliminação de postos de trabalho - e a globalização, que leva à troca de mão-de-obra mais cara por mais barata, através das deslocalizações de fábricas.
Na Alemanha e em Itália, por exemplo, estes dois fatores juntos valem 75% da queda do peso do rendimento do trabalho. Nos Estados Unidos representam 50%
Esta é a conclusão de um relatório do FMI, Banco Mundial e a Organização Mundial de Comércio (OMC), intitulado "Fazer do comércio um motor de crescimento para todos".
As três instituições afirmaram hoje que o comércio internacional está num momento "crítico" pelo "impacto negativo" que teve no emprego de determinados grupos e comunidades e que os efeitos negativos podem ser reduzidos "com as políticas corretas" a nível nacional, que devem "suavizar a adaptação do comércio" e "reforçar a flexibilidade e o rendimento" económicos.
O FMI, o Banco Mundial e a OMC propõem medidas que vão desde mudanças para flexibilizar o mercado laboral a reformas educativas e melhores políticas sociais. Em matéria laboral, as três instituições defendem que se deve facilitar a mobilidade tanto entre setores produtivos como entre regiões, assim como aumentar as políticas ativas de emprego.