O presidente francês, François Hollande, confirmou, no sábado à noite, que os vencimentos superiores a um milhão de euros por ano serão taxados a 75 por cento e não haverá excepções.
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O presidente francês anunciou uma «agenda para a recuperação» económica do país durante os próximos dois anos e garantiu que os vencimentos superiores a um milhão de euros serão taxados a 75 por cento «sem exceções».
«Vou estabelecer uma agenda para a recuperação [do país]. Dois anos para pôr em prática uma política para o emprego, para a competitividade e para equilibrar as contas públicas», afirmou François Hollande no jornal das 20:00 da TF1, na sua primeira entrevista televisiva depois das férias de verão.
Numa altura em que, quatro meses depois da sua eleição, assiste a uma queda de popularidade na opinião pública e imprensa, Hollande garante que «escuta a impaciência».
O socialista justificou as preocupações dos franceses com o «desemprego elevado» (3 milhões de franceses), a competitividade da economia «degradada», com os «défices consideráveis» e com o «endividamento histórico» do país.
Contudo, argumentou o Presidente, depois de ter assumido funções, «o Governo não perdeu tempo, agiu rapidamente». Hollande lembrou o aumento do salário mínimo e de diversas prestações sociais, a par do congelamento do preço dos combustíveis.
Embora tenha assumido que estas medidas «não são suficientes», o socialista defendeu-se: «Não vou fazer em quatro meses o que os meus antecessores não fizeram em cinco ou em dez anos. Mas estou no combate, não quero olhar para o passado», disse.
Hollande destacou entre as suas prioridades o combate ao desemprego. Para o Presidente, a tendência crescente desta taxa, que está já quase colada aos 10 por cento, «deve ser invertida no espaço de um ano».
O Presidente garantiu ainda que a sua promessa de campanha de taxar a 75 por cento os rendimentos anuais superiores a 1 milhão de euros será cumprida e que a medida será aplicada e «sem exceções».
Hollande recordou que este imposto terá em conta «todas as outras contribuições» e que será «limitado no tempo», tendo a duração estimada de dois anos. Para o Presidente, a medida é «simbólica» e «muito importante» porque «é preciso que, num momento de dificuldade como o que a França atravessa, cada um assuma o seu papel».
«O meu objetivo é a construção de uma sociedade solidária. O compromisso que assumo é o de que os franceses possam dizer, em 2017, que vivem melhor do que em 2012», acrescentou.
Uma sondagem do instituto BVA para a edição de hoje do diário Le Parisien mostrava que quase seis franceses em cada dez estão descontentes com a atuação de Hollande nestes primeiros quatro meses do mandato, justificando a sua opinião com o facto de o chefe de Estado não ir «suficientemente longe» nas suas reformas.
«Os franceses duvidam agora seriamente da capacidade [do novo Presidente] para mudar as coisas», afirmou o diretor-geral adjunto da empresa de sondagens que efetuou este estudo, em declarações à agência France Presse.