O ex-chefe da diplomacia diz que Portugal poderá caminhar para uma situação semelhante à da Grécia e defendeu que os que ganham mais de dez mil euros devem contribuir mais.
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O antigo ministro Diogo Freitas do Amaral defendeu, esta quarta-feira, a flexibilização do memorando da troika e considerou que o caminho que está a ser trilhado pelo Governo poderá atirar Portugal para o mesmo caminho da Grécia.
Em entrevista à RTP, Freitas do Amaral explicou que o que «estamos a ver pelo andamento das coisas é que se está a verificar aqui o mesmo que na Grécia» e que a «receita da troika não é boa».
Freitas do Amaral recordou ainda que Governo e troika têm agora o problema de decidir «continuar o mesmo plano apesar de estar a haver um efeito recessivo que não contávamos ou vamos modificar e ajustar para ter em conta os resultados».
O ex-ministro dos Negócios Estrangeiros admitiu que «dar mais tempo», «baixar as taxas de juro» ou «simplificar certas coisas» poderão ser soluções a ser usadas.
Este antigo líder do CDS adiantou ainda que o Governo tem de explicar melhor as suas medidas que têm vindo a tomar e estranhou o silêncio do ministro das Finanças, Vítor Gaspar, desde maio.
«Em qualquer país democrático europeu, o ministro das Finanças fala todas as semanas ou no Parlamento ou na televisão. Acho que tem havido um défice de explicação ao país», sublinhou.
Freitas do Amaral defendeu também que as pessoas que têm vencimentos acima dos dez mil euros têm de contribuir mais, uma vez que estas são «pessoas privilegiadas» num contexto de «modéstia nos nossos índices salariais».
Considerando que os que ganham acima de 50 mil euros «são muito privilegiados» e que os ganham 200 mil são «tubarões», Freitas do Amaral propõe uma «tributação especialmente pesada sobre essas pessoas».
«Há muita gente a precisar de ajuda e há muita gente a não dar aquilo que pode», acrescentou este antigo ministro, que defende um «pacote» de vários impostos como o Imposto sobre Património, já previstos na Constituição, no sentido de que haja «justiça fiscal», o que é uma «questão ética».