O primeiro-ministro anunciou programa que vai "financiar a criação e requalificação de projetos turísticos". Haverá nova linha a pensar na sustentabilidade ambiental. Efeitos do 'Brexit' já se sentem.
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O primeiro-ministro anunciou hoje, em Lisboa, a criação do programa Capitalizar Turismo, no valor de 130 milhões de euros, para "financiar a criação e requalificação de projetos turísticos".
Na abertura do 30.º Congresso da Associação da Hotelaria de Portugal, a decorrer no Pavilhão Carlos Lopes, em Lisboa, António Costa indicou que o novo programa, que também servirá para a capitalização das empresas turísticas, terá "maturidades prolongadas e períodos de carência de quatro anos".
Num discurso em que lembrou que o turismo representa cerca de 8 por cento do PIB (Produto Interno Bruto) português - e com as receitas do turismo a crescerem, este ano, mais de 12 por cento -, o chefe do Governo defendeu que é preciso continuar a aposta no setor, dando conta de que vai avançar, a fundo perdido, um instrumento de "40 mil euros por projeto" destinados, exclusivamente a pequenas e médias empresas, para "melhoria da gestão da sua eficiência energética, uso inteligente da água e da melhoria da gestão dos próprios resíduos".
O valor deste financiamento teve que ser repetido por três vezes por António Costa, devido a problemas com o microfone, levando o governante a gracejar de cada vez que acontecia um imprevisto. "Foi a qualidade ambiental para poupar energia", referiu no primeiro 'silêncio', enquanto, na segunda vez, indicou que "este número deve ser excessivo e assusta o microfone".
À terceira, foi de vez: "Está descativado pelas finanças, tem visto do Tribunal de Contas e tenho que insistir na ideia que são 40 mil euros por projeto", disse, num momento em que foram audíveis os risos por parte da plateia.
Marcelo diz ao setor que é preciso "fazer bem e de novo, em cada dia e em cada ano"
Na sessão de abertura do Congresso da Associação de Hotelaria de Portugal, foi ainda lida uma mensagem do presidente da República, na qual Marcelo Rebelo de Sousa afirmou que o Turismo deve "fazer bem e de novo".
"Para se fidelizar e atrair pessoas que querem descobrir-nos. Saibamos nós ter agora a abertura mental de aceitar a descoberta do outro e oferecer o que de melhor temos: o espírito universalista, multicultural e a generosidade do sorriso aberto e confiante dos portugueses", segundo se percebeu da mensagem.
Marcelo Rebelou de Sousa afirmou ainda importância de "investir e inovar nesta indústria, apostar em segmentos e nichos que permitem subir na cadeia de valor".
Efeito do 'Brexit' já se nota. Costa quer mais promoção de Portugal junto dos britânicos
No Congresso da Associação da Hotelaria de Portugal, o primeiro-ministro lembrou que está inscrito na proposta do Orçamento do Estado para 2019 um aumento de 37,5 por cento das verbas para promoção turística externa, nomeadamente no Reino Unido.
Sublinhando que já se nota "alguma redução" do número de turistas provenientes do Reino Unido em resultado do 'Brexit', António Costa adiantou que o Governo aumentou, para os próximos três anos, as verbas que permitem "fazer promoção específica em determinados mercados".
"Quando ontem [quarta-feira], o Governo do Reino Unido aprovou o acordo de saída do Reino Unido da União Europeia (UE), todos sabemos quanto é essencial fazermos um trabalho específico no mercado britânico, que historicamente é o principal emissor turístico para Portugal", justificou.
Protesto à porta do Congresso pede justiça para trabalhadores da hotelaria
À porta do Pavilhão Carlos Lopes, onde decorre o Congresso da Associação de Hotelaria de Portugal, teve lugar um protesto organizado pelo Sindicato de Hotelaria do Sul, no qual marcaram presença cerca de 30 trabalhadores que lamentavam: "O Turismo a aumentar e os salários a baixar".
Ouvido pela TSF, Luís Trindade, coordenador do sindicato, explicou que há muito que os trabalhadores reivindicam atualizações salariais, melhores condições de trabalho e menos precariedade.
"Todos os hotéis estão com grandes taxas de ocupação, mas os vínculos dos trabalhadores são precários. O que as empresas querem é não terem obrigações com os trabalhadores que estão a gerar riqueza. Querem acabar com a contratação coletiva, porque é lá que estão vertidos os direitos dos trabalhadores", lamentou.
Notícia atualizada às 13h03